Adesão massiva à greve para ajudar nas tarefas de limpeza e assistência à população

A greve estudantil convocada pelo Sindicat d’Estudiants (SE) no País Valencià, de 4 a 12 de novembro, para que as e os estudantes possam estar na linha da frente, ajudando nas tarefas de resgate e limpeza, tem tido um impacto enorme.

Estudantes e jovens são quem está a manter o trabalho de limpar a lama e os destroços e apoiar as pessoas mais necessitadas. E não só de Valência, mas também de outras regiões do Estado Espanhol. Rios de gente dirigem-se a cada dia às zonas afetadas, numa imagem que impressiona pela força e solidariedade. Estima-se que o número de voluntários possa chegar a 50.000 ou mais.

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As e os estudantes não só de Valência, mas também de outras regiões do Estado Espanhol são quem está a manter o trabalho de limpar a lama e os destroços e apoiar as pessoas mais necessitadas.

Esta solidariedade e organização popular, para além dos bairros de Valência, também são evidentes em muitas outras zonas: em Alcoi, por exemplo, vários estudantes estão a ajudar no carregamento de camiões e paletização. Em Alacant, os alunos organizam nas suas escolas a recolha de alimentos e ajuda. E assim acontece em muitos outros locais.

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Esta solidariedade e organização popular, para além dos bairros de Valência, também são visíveis em Alcoi, Alacant e outros lugares.

A explosão de raiva no domingo contra a comitiva do rei, Mazón e Pedro Sánchez, impactou milhares de famílias trabalhadoras que partilham a indignação dos moradores de Paiporta, Chiva, Alfafar e de todas as outras localidades afetadas ao verem como – depois de os obrigarem a trabalhar sabendo o que estava por vir, de não tomarem absolutamente nenhuma medida para evitar as mortes e desaparecimentos que ocorreram e de os deixarem totalmente abandonados durante dias na luta contra toda a destruição causada – os responsáveis por toda essa negligência foram lá apenas para tirar fotos.

As paredes dos bairros operários de Valência, como San Marcelino, o mais próximo a Alfafar, e toda a ponte que percorremos diariamente para chegar à zona do desastre estão cheias de pichagens e cartazes contra Mazón, mostrando a raiva e indignação contra esses responsáveis e clamando para que esta situação não fique impune, convocando para a manifestação deste sábado, 9 de novembro, às 18h, na Plaça del Ajuntament de València.

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A greve estudantil de solidariedade convocada para terça-feira, 12 de novembro, também está a ser bem recebida. Há uma grande onda de solidariedade em contraste com o abandono criminoso das autoridades.

A greve estudantil de solidariedade convocada para terça-feira, 12 de novembro, também está a ser bem recebida. O movimento estudantil e a população valenciana estão conscientes da grande onda de solidariedade que, em contraste com o abandono criminoso das autoridades, a juventude e a classe trabalhadora demonstram em todos os territórios do Estado Espanhol e mesmo a nível internacional.

Face ao abandono e a postura das autoridades, auto-organização, solidariedade e mobilização popular

O choque das imagens de Paiporta afetou também a classe dominante, o governo e o aparelho de Estado. Desde segunda-feira, mobilizaram recursos que antes tinham negado. Ontem de manhã, em Alfafar, a mudança foi notável, com centenas de bombeiros, polícia, exército e proteção civil de várias zonas e muita maquinaria. Não é ao acaso que isto ocorra em Alfafar. É a zona mais próxima de Valência e com maior presença de voluntários e imprensa. Isso explica este envio de materiais e efetivos. Mas a realidade é que, em regiões mais afetadas, no interior, as coisas vão escandalosamente mais lentas, continua a não chegar ajuda, ou chega em muito menor quantidade, e nós voluntários temos de andar 2-3 horas ou mais para poder lá chegar.

Esta ajuda a conta-gotas, para que saia nos meios de comunicação e engane a população, aumenta a indignação de muitos moradores. O mesmo do envio de milhares de polícias para tirarem fotos e sair nos media. Contam-se pelos dedos da mão os que estão sujos de lama. A maioria está a chegar ao parque Alcosa. Agora que está limpo e que os serviços básicos funcionam graças à auto-organização dos moradores, desembarcam aí para que se os veja e apareçam nos media.

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A explosão de raiva no domingo contra a comitiva do rei, Mazón e Pedro Sánchez, impactou milhares de famílias trabalhadoras que partilham a indignação dos moradores de Paiporta, Chiva, Alfafar e de todas as outras localidades.

Mas a juventude mantém-se instintivamente focada na ajuda. Continuamos a comparecer em massa. E muito bem organizada: amigos, famílias, companheiros de escola. As e os voluntários vão respondendo a cada minuto às novas necessidades que se apresentam.

O Sindicat d’Estudiants e a Esquerra Revolucionària estão a organizar Brigadas Estudantis e chamam a juventude que queira juntar-se ou expandir essas brigadas para mais áreas a entrar em contacto.

Além de organizar todas as tarefas de limpeza e apoio à população, estas Brigadas estão a difundir milhares de panfletos e cartazes, convocando à participação massiva na manifestação convocada para este sábado, 9 de novembro, às 18h, na Plaça del Ajuntament de Valência, exigindo a demissão de Mazón e prisão e castigo para todos os responsáveis por este crime.

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Nós, do Sindicat d’Estudiants e Esquerra Revolucionària, estamos a organizar Brigadas Estudantis convocando à participação massiva na manifestação convocada para este sábado, 9 de novembro.

Estas ideias têm grande ressonância com a experiência de milhares de pessoas. A manifestação em Valência neste sábado será massiva, um grito coletivo de raiva e indignação. Além dos moradores de todos os bairros de Valência e populações dos arredores afetadas, virão autocarros do resto do País Valencià, da Catalunha e outras regiões do Estado Espanhol.

Todos à grande manifestação deste sábado! Demissão e prisão para Mazón!

Nenhum estudante em aulas! Vamos continuar com a ajuda e a solidariedade!

Só o povo salva o povo!

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

JORNAL DA LIVRES E COMBATIVAS