Ontem, dia 26 de outubro, vários milhares de manifestantes desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para exigir justiça pelo homicídio de Odair Moniz e relembrar todas as vítimas da violência policial dos últimos anos.
Uma manifestação muito combativa convocada pelo movimento “Vida Justa” e onde muitos trabalhadores e jovens gritaram bem alto “Justiça por Odair”, “Sem justiça não há paz!” e “O povo unido jamais será vencido!”. Esta determinação e estes números mostraram a força do movimento!
Para a grande maioria dos presentes, o sentimento de revolta contra a polícia e este Estado, era palpável. Um Estado a quem estes trabalhadores e jovens só interessam como mão-de-obra barata, onde os transportes públicos são insuficientes, a habitação é de fraca qualidade e onde não existem serviços públicos.
A Esquerda Revolucionária também esteve presente, em solidariedade com os trabalhadores e jovens mortos e agredidos pela polícia, defendendo a justa revolta dos moradores perante uma polícia que mata com total impunidade nestes bairros.
Contra-manifestação do Chega foi um autêntico fiasco
Uns dias antes desta manifestação, o partido Chega anunciou que organizaria uma contra-manifestação em defesa da polícia. Um partido com milhões de euros de financiamento do grande capital e 50 deputados eleitos, conseguiu juntar cerca de 300 pessoas, voltando a mostrar que a extrema-direita pode ser uma ameaça, mas que nós somos muitos mais do que eles.
Na última semana, vários dirigentes do Chega tiveram palco para a sua verborreia racista na comunicação social. O seu líder parlamentar, Pedro Pinto, chegou a dizer que “se a polícia atirasse mais a matar, o país estaria mais em ordem”. Toda uma declaração de princípios destes energúmenos fascistas que defendem à boca cheia o homicídio de um trabalhador inocente.
Mas esta impunidade com que a extrema-direita atua não surgiu do nada. É uma consequência directa da sua normalização e aceitação pelo atual regime democrático e pelos partidos ditos “democráticos”, que lhes estendem a passadeira vermelha para incitarem ao ódio e ao crime contra imigrantes e pessoas racializadas em geral.
Organização e luta
A manifestação de ontem mostrou, mais uma vez, que os trabalhadores, os jovens e a esquerda, quando se mobilizam, conseguem encher as ruas e mostrar a sua força, várias vezes superior à da extrema-direita. Este é decididamente o caminho a seguir: o da mobilização e ação nas ruas. Mas também é preciso aumentar a nossa organização. Em cada bairro, em cada escola e em cada local de trabalho temos de estar organizados contra a polícia e a extrema-direita, através de grupos antirracistas e antifascistas locais.
Na Esquerda Revolucionária defendemos que a luta contra a violência policial, contra o racismo e contra a extrema-direita não deve estar separada, antes faz parte de um todo, de uma luta da classe trabalhadora contra a classe dos capitalistas, o seu Estado e este sistema injusto, desigual e opressor. Se concordas com esta perspectiva, junta-te a nós!