No final de maio de 2023, a Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) abriu candidaturas a projetos para o Orçamento Participativo, para o qual dispunha de 5000 euros, os quais deveriam ser divididos entre pelo menos dois projetos, propostos e votados pelos estudantes.
Depois de uma campanha de difusão muito reduzida, para a qual nem um e-mail foi enviado ao corpo estudantil para promover o concurso, e que decorreu durante o período de exames, o expectável aconteceu: apenas foi proposto um projeto — por um estudante dirigente da própria AEIST. Sem competição, o projeto foi obviamente aceite e premiado com os fundos do Orçamento Participativo. E o que visa este projeto? Levar a cabo, no final de setembro, um evento recreativo de “Bar Aberto Grátis da AEIST”, com a vasta maioria dos fundos sendo assim dedicados a fornecer álcool gratuitamente aos estudantes.
A justificação dada para o “carácter académico” deste evento, por sua vez, é a de “atuar como facilitador de relações interpessoais no seio académico do IST, contribuindo para um solidificar de amizades, companheirismo e espírito de comunidade que poderão se mostrar fulcrais em situações de stress e fragilidade emocional”. Tal justificação é, mais do que absurda, de extremo mau-gosto, tendo em conta as crises bem reais que assolam a comunidade estudantil do Instituto Superior Técnico (IST) em relação à saúde mental, à alienação e ao assédio sexual. Estas só serão exacerbadas com a AEIST a apoiar e promover o consumo de álcool pelos estudantes.
Por sua vez, que esta proposta, levada a cabo pela própria AEIST, trate de subornar os estudantes com álcool, apenas demonstra a negligência que esta associação tem para com as suas verdadeiras responsabilidades, num momento em que os espaços de estudo, de convívio e de alimentação da AE fecham, e espaços de lazer e desporto, como a piscina do IST, se encontram ao abandono. Em vez de se propor usar estes fundos para resolver qualquer um destes problemas, a AEIST opta por financiar uma festarola com álcool à discrição, argumentando que o faz em prol da sua saúde mental.
Se a AEIST se preocupasse de facto com a saúde mental dos estudantes, levaria a cabo um programa de ócio saudável baseado no desporto e na recreação sóbria e gratuita, investiria na educação e nos cuidados psicológicos. Existe uma miríade de projetos que poderiam ser propostos e levados a cabo, se fossem genuinamente discutidos entre os estudantes. Em vez disso, abre-se um concurso destes, sem promoção e durante o período mais inoportuno possível, tudo para poder levar a cabo de forma pretensamente democrática uma festa em honra do álcool e do seu consumo excessivo.
Esta é mais uma das afrontas da AEIST aos valores da democracia e do associativismo estudantil. Mais do que inútil, esta associação tem sido um obstáculo fortíssimo à vivência estudantil no IST. Não podemos contar com ela para salvaguardar a nossa saúde, o nosso espaço ou os nossos direitos. Para os garantirmos, temos de levar a cabo nós próprios essa luta.
Junta-te ao Sindicato de Estudantes e à Esquerda Revolucionária!
Está na hora da organização e da luta!