O Socialismo Revolucionário declara a sua total solidariedade com os enfermeiros em greve e apela a todas as organizações de trabalhadores e a toda a esquerda para que façam o mesmo, não só em palavras mas igualmente em actos, organizando protestos e greves de solidariedade. Na sua luta por melhores condições de trabalho, os enfermeiros estão igualmente a defender a qualidade do Sistema Nacional de Saúde e, como tal, a defender os interesses de todos os utentes do SNS.

A utilização do mecanismo legal da requisição civil para efectivamente proibir a greve dos enfermeiros é o mais recente e gravoso ataque do governo do Partido “Socialista” ao direito à greve, portanto, um ataque a todos os trabalhadores. Como tal, deve ser denunciado e combatido por todas as organizações de trabalhadores e por toda a esquerda.

Até agora, tal como outros profissionais da saúde, os enfermeiros foram repetidamente enganados pelo actual governo, que durante todo o mandato foi protelando uma resposta às suas reivindicações. A escalada dos métodos de luta era inevitável nestas circunstâncias, e é sem dúvida a única via para conquistar as reivindicações.

As palavras até agora proferidas por dirigentes da esquerda parlamentar contra a greve ou tão simplesmente apelando a um abrandamento da luta ou a uma moderação das reivindicações não são mais do que declarações de cumplicidade com um governo que mantém todos os serviços públicos subfinanciados e em degradação, um governo que defende sistematicamente os lucros do capital — inclusivamente do capital no sector da saúde enquanto este organiza a destruição do SNS. Por este motivo, a denúncia destes dirigentes impõe-se igualmente como uma tarefa de todos os trabalhadores organizados.

É precisamente porque as burocracias das mais velhas organizações sindicais do sector abandonaram os enfermeiros em nome de acordos estéreis com o PS que se tornou possível, em tão pouco tempo, que figuras da direita conservadora como Rita Cavaco — militante do PSD, o partido que mais contribuiu para a destruição do SNS — se apresentassem como direcção alternativa dos enfermeiros e mantivessem as reivindicações o mais corporativas e recuadas possível. Para inverter a situação, é necessário que as direcções da esquerda e da CGTP abandonem a sua política de conciliação de classes, rompam o seu acordo incondicional com o PS e se dirijam aos enfermeiros e restantes trabalhadores da saúde com um plano de luta que ponha um fim ao isolamento dos enfermeiros e una as várias profissões e os utentes do SNS na defesa de serviços públicos, gratuitos e de qualidade.

Um imediato aumento do orçamento para o SNS, que permita a contratação de mais profissionais e efective o horário de 35 horas de trabalho semanais, o pleno reconhecimento das carreiras — o aumento real dos salários —, a aquisição e manutenção de equipamentos, a manutenção das instalações actuais e a construção de novas instalações para dar resposta às necessidades dos utentes não são reivindicações demasiado ambiciosas, são, juntamente com a total nacionalização dos serviços de saúde, a única via para garantir que a saúde é acessível à classe trabalhadora e não um negócio à disposição de quem pode pagar.

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