A luta é o caminho e unidos somos mais fortes!

Após terem conhecimento de uma “revisão da estrutura salarial” para o início do ano de 2024, um número histórico de trabalhadores da Teleperformance, sob orientação do SINTTAV (Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual), da CGTP, partiram para a greve no dia 26 de Fevereiro e manifestaram-se junto de um dos edifícios da empresa em Lisboa (City Center em Entrecampos). 

Com o aumento do salário mínimo para 820€ em Janeiro de 2024, a empresa preparou-se para absorver o gasto extra com salários ao cortar no valor dos prémios de campanha, língua, entre outros. Uma vez que a maioria dos trabalhadores da Teleperformance recebe o salário mínimo como salário base, os cortes nos prémios representam uma redução considerável do seu rendimento, já que os mesmos permitiam complementar os baixos salários.

Nos plenários online, realizados pelo SINTTAV no início de Fevereiro, participaram mais de 500 trabalhadores. O descontentamento com esta situação e anos de condições e salários precários foi expressa por todos e foram acordadas as seguintes reivindicações:

  • Que nenhum salário seja inferior a 920€ (SMN + 100€ de aumento) com efeitos retroativos a 1 de Janeiro de 2024
  • Aumento de 100€ para todos os trabalhadores 
  • Discussão com a administração da empresa sobre os cortes nos bónus e os seus critérios
  • Dar ao trabalhador a opção de receber o subsídio de alimentação em cartão ou em dinheiro
  • Correção dos salários de Janeiro de 2024 (os trabalhadores que auferem o SMN receberam ainda o valor do SMN do ano anterior)

A Teleperformance ganha milhões às nossas custas

Quem trabalha ou trabalhou em call center sabe que a sua experiência é transversal a todas as empresas de trabalho temporário e recursos humanos: contratos precários (renovados ao mês, a 6 meses ou ao ano), salários miseráveis, falsos recibos verdes, assédio laboral, desregulação de horários de trabalho e folgas rotativas, entre outros problemas

A Teleperformance emprega cerca de 500 mil trabalhadores no mundo, 14 mil dos quais em Portugal e está no primeiro lugar do ranking de empresas com maior faturação de Portugal dentro do seu sector.

Para atingir estes resultados, a política da empresa será sempre a de explorar ao máximo os seus trabalhadores com as mais variadas estratégias. Para além de contratos precários e baixos salários, a Teleperformance procura dividir os seus trabalhadores ao fazê-los trabalhar em campanhas com várias línguas, em escritórios e pisos diferentes, e com diferenças mínimas entre elas. Desta forma a empresa tenta dificultar a união dos trabalhadores à volta de problemas comuns.

Expandir o movimento grevista

Esta greve histórica nos call centers da Teleperformance mostra que existe vontade de lutar por parte dos trabalhadores. Agora é necessário não desmobilizar e expandir este movimento. Aproveitar o impulso dado por esta greve para reforçar a organização e combatividade na empresa. Envolver o máximo de trabalhadoras e trabalhadores, independentemente da campanha ou local de trabalho e começar a construir uma nova greve.

Esta nova greve deve ser construída pela base, através de assembleias e plenários, onde igualmente deverão ser depois ratificadas todo e qualquer acordo que venha a ser alcançado. A última palavra deve ser sempre dos trabalhadores!

Esta luta deve igualmente servir de exemplo a todas e todos os trabalhadores de call center do país, que enfrentam condições igualmente precárias, para que se unam e lutem pelos seus direitos. O sector dos call centers emprega dezenas de milhares de pessoas que, juntas e organizadas, serão uma força imparável.

A luta organizada é o caminho!

A classe trabalhadora só pode contar com as suas próprias forças!

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