Quarenta e nove anos após o processo revolucionário que derrubou a ditadura fascista em Portugal, a grande maioria dos trabalhadores e da juventude continuam a reivindicar o legado da Revolução Portuguesa e a defender as suas conquistas.

As manifestações deste ano tiveram uma adesão que não se via há quase uma década, um pouco por todo o país. No Porto perto de 6 mil pessoas, com grande participação da juventude, gritaram bem alto contra o fascismo e pelo direito à habitação, à educação e à saúde. No desfile oficial em Lisboa, mais de 100 mil manifestantes demoraram 4 horas a descer a Avenida da Liberdade num ambiente não só festivo, mas sobretudo combativo e de contestação ao governo PS e às suas políticas de austeridade.

A juventude radicalizada e os trabalhadores recuperam a memória da Revolução Portuguesa como fonte de inspiração para as lutas de hoje. Quando gritamos “25 de abril sempre, fascismo nunca mais!” estamos a deixar bem claro que não aceitaremos retrocessos nos direitos democráticos, e que lutaremos contra o avanço da extrema-direita. Quando exigimos a “Paz, o pão, habitação, saúde e educação” não é apenas o refrão de uma canção mas significa que lutaremos por um SNS e por uma escola pública, que queremos mais habitação e que acreditamos que uma outra sociedade é possível. Os métodos utilizados em 74-75 pela classe trabalhadora como a greve, a ocupação e a manifestação de massas são também olhados com cada vez mais interesse pelos trabalhadores e estudantes em luta que têm consciência que são estes os métodos capazes de alcançar vitórias.

Também os avanços dos últimos anos de vários movimentos como o feminista, anti-racista e LGBT se refletiram nesta manifestação. As denúncias de assédio e violência machista, palavras de ordem a favor dos imigrantes e contra o colonialismo — relembrando precisamente que a Revolução Portuguesa foi consequência das lutas de libertação nacionais em África — ouviram-se igualmente durante a manifestação.

Desde o início de 2023, a classe trabalhadora e a juventude têm saído às ruas às centenas de milhares em defesa da educação e saúde públicas, dos direitos das mulheres trabalhadoras e da habitação condigna, contra o aumento do custo de vida... em manifestações, protestos e uma multidão de greves parciais e setoriais. O contingente absolutamente massivo dos professores — que continuam em greve após meses de luta — e a sua combatividade mostram que há vontade de lutar e força para derrubar as políticas capitalistas do governo do PS. É hora de unificar todos os conflitos numa Greve Geral que paralise o país.

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As manifestações deste ano tiveram uma adesão que não se via há quase uma década. 6 mil no Porto, mais de 100 mil em Lisboa em clima de contestação às políticas de austeridade do Governo PS.

A extrema-direita tenta atacar a revolução

Com o pretexto da vinda do Presidente brasileiro Lula da Silva ao Parlamento, o Chega organizou e mobilizou uma manifestação nacional que contou com apenas 300 participantes. O grupo parlamentar do Chega protestou igualmente dentro do Parlamento, sendo apenas criticados verbalmente pelo Presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva (PS), que permitiu mais este ataque e provocação da extrema-direita. Também a Iniciativa Liberal voltou a atacar a revolução, ao tentar colar-se ao desfile oficial enquanto equiparava o fascismo ao comunismo.

Apesar disto, é preciso sermos claros e ontem isso voltou a ser demonstrado na prática: nós somos muitos mais do que eles! O fascismo e a extrema-direita derrotam-se na rua com a mobilização de massas dos trabalhadores e da juventude. O atual regime democrático nunca terá interesse em esmagar por completo a extrema-direita, já que a aceita plenamente como parte da chamada “ordem democrática” vigente e inclusivamente promove-a nos meios de comunicação social.

É preciso construir um partido revolucionário

A Esquerda Revolucionária interviu no Porto e em Lisboa com a nossa imprensa, defendendo o caráter revolucionário do período aberto em 25 de abril de 1974 e as conquistas alcançadas durante a Revolução Portuguesa. Defendemos igualmente que a determinação e coragem que a classe trabalhadora demonstrou várias vezes neste período não é suficiente. É necessária a existência de um partido revolucionário que dirija a tomada do poder de Estado.

O capitalismo é cada vez mais incapaz de resolver as necessidades da grande maioria da população ou sequer representar qualquer tipo de progressismo. Hoje, o capitalismo e os regimes democráticos burgueses representam apenas desemprego, fome, miséria, violência, opressão de género e guerra.

Mas outra sociedade é possível: uma que seja dirigida pelos trabalhadores. É por essa sociedade que lutamos.

Junta-te à Esquerda Revolucionária!

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