O Socialismo Revolucionário – CIT em Portugal e os seus militantes manifestam sentidas condolências aos familiares, amigos e camaradas do militante e ex-dirigente do Bloco de Esquerda, João Semedo. Perdeu-se uma figura incontornável na luta por um Sistema Nacional de Saúde (SNS) de qualidade, público e democrático.

João Semedo nasceu no dia 20 de Junho de 1951, em Lisboa, onde iniciou a sua atividade política no movimento estudantil e a sua actividade profissional como médico. Desde cedo estabeleceu pontes entre a profissão e a atividade política. Já como estudante de Medicina, em 1968, participou numa manifestação contra a guerra do Vietname que marca a sua participação na luta estudantil anti-fascista da Faculdade de Medicina.

Em 1972 adere ao Partido Comunista Português e à União de Estudantes Comunistas. Foi eleito para a Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina, onde começa a desenvolver uma atividade política de resistência contra o regime fascista, resultando num encarceramento, durante duas semanas, em Caxias pela PIDE no ano de 1973.

O seu trabalho militante na medicina levou-o a envolver-se em vários projectos. Participou num centro de acolhimento para sem-abrigos. Foi nomeado director do Hospital Joaquim Urbano onde ficou a cargo da renovação e reforma dos serviços hospitalares. Trouxe inovações na estratégia terapêutica do VIH, SIDA e Hepatites. Entre a participação noutras associações foi ainda fundador do Sindicato dos Médicos do Norte.

Foi coordenador, juntamente com Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, no período entre 2002 e 2004 e vice-presidente da comissão parlamentar de saúde, enquanto deputado.

Nos últimos anos de vida foi um dos principais motores da Campanha Morrer com Dignidade, pela legalização da morte assistida, e pela Alteração da Lei das Bases do SNS.

A sua vida política e profissional são inseparáveis. A proximidade com os pacientes e o seu empenho político tornaram-no num incansável militante na luta por um SNS ao serviço de todos os utentes. Batalhou-se por uma medicina e um serviço público com dignidade e democrático.

O seu papel e legado pavimentam o caminho para uma medicina e um SNS que não cabem nos atuais moldes capitalistas. O camarada João Semedo deixa-nos a tarefa de conquistar uma sociedade socialista, onde a medicina praticada com dignidade seja uma realidade para todos os que precisem dela e não apenas capricho de uma classe privilegiada. Essa é a melhor homenagem que lhe podemos prestar.

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