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A Esquerda Revolucionária Internacional manifesta a sua solidariedade inabalável para com os presos políticos em greve de fome no Reino Unido.

Enquanto escrevemos estas palavras, quatro pessoas permanecem em greve de fome. Duas suspenderam a greve ao fim de mais de 50 dias, mas juram continuá-la. Fazem parte de um grupo de ativistas que estão detidos preventivamente, acusados de atividades ligadas ao grupo ativista Palestine Action, agora proscrito pelo Estado britânico.

Os seus nomes são Qesser Zuhrah, Amu Gib, Heba Muraisi, Teuta Hoxha, Kamran Ahmed e Lewie Chiaramello.

O Estado britânico acusa-os de invadir a fábrica de armas Elbit, com conexões a Israel, e uma base da Força Aérea britânica, organização essa acusada de prestar apoio logístico e treino às forças de ocupação israelitas. Como seria de esperar, foram tratados de forma extremamente cruel, mantidos na prisão sem julgamento por um período muito longo ao limite de custódia de 6 meses, impedidos de contactar familiares e advogados, proibidos de socializarem e transferidos arbitrariamente pelos funcionários da prisão. Qesse Zuhrah só foi transferida para o hospital após um protesto longo e determinado por ativistas, incluindo a deputada Zarah Sultana.

Trata-se de um claro ato de retaliação contra pessoas que, como o Estado burguês repete sempre que conveniente, são inocentes até prova em contrário.

Alguns iniciaram a greve de fome a 2 de novembro, dia de aniversário da Declaração de Balfour, e mantém-se em greve há mais de 40 dias, estando todos agora em estado grave. As suas reivindicações são simples:

  1. Fechar as fábricas de armas que fornecem armas a Israel.
  2. Revogar a proscrição da Palestine Action. Palestina Action é um grupo de protesto de ação direta e nunca deveria ter sido rotulada como organização terrorista.
  3. Acabar com os maus-tratos a prisioneiros sob custódia.
  4. Conceder fiança imediatamente.

 

Foram recebidos com um muro de silêncio tanto da parte do Estado como, até há pouco tempo, da imprensa britânica. Isso decorre da crescente repressão do movimento de solidariedade com a Palestina, com detenções de ativistas por marcharem em Londres – incluindo Bem Jamal, líder da Campanha de Solidariedade pela Palestina, e os interrogatórios policiais de Jeremy Corbyn e John McDonnell, a detenção e anulação das condenações de ativistas por desafiarem os seus representantes parlamentares, a proscrição da Palestine Action e a detenção de milhares de pessoas que protestavam esta decisão, e a recente proibição do cântico: “globalizar a Intifada”.

O movimento dos trabalhadores tem de reagir

Temos de ser honestos: o facto destas pessoas corajosas terem tido de tomar uma ação tão drástica é uma falha. Não delas, mas da liderança do movimento dos trabalhadores no Reino Unido.

Desde que o genocídio começou, amplas camadas da classe trabalhadora e da juventude construíram um movimento de massas para o travar e libertar a Palestina: desde manifestações em massas – mais de 300 mil pessoas em Londres e manifestações regulares em cidades como Cardiff e Manchester – a ações nos locais de trabalho, campanhas de boicote e desinvestimento, cartazes, eventos de solidariedade, etc. Estas ações têm sido consistentes e constantes e têm ajudado a pressionar o Estado, que foi forçado a agir de forma mínima e superficial, reconhecendo o Estado da Palestina e suspendendo uma quantidade ínfima de licenças comerciais para o Estado sionista.

De forma semelhante, só o árduo trabalho dos sindicalistas de base conseguiu mobilizar a burocracia de alguns dos maiores sindicatos – em particular Unison e Unite – para tomarem algum tipo de ação.

Ações essas que, infelizmente, ficam muito aquém do necessário.

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Desde que o genocídio começou, milhões de trabalhadores se têm mobilizado, apesar da inação da esquerda reformista e dos sindicatos

Isto é particularmente notório nas árduas batalhas combatidas dentro do sindicato Unite the Union, onde a liderança, até março de 2024, se posicionou contra apoiar campanhas contra fábricas de armamento.

Só uma luta prolongada da base alterou essa posição, passando a “apoiar as lutas dos trabalhadores nos seus locais de trabalho e campanhas pelo desinvestimento nas empresas israelitas, tanto nos locais de trabalho como na economia em geral”. Este testemunho de organização liderada pela base conseguiu uma mudança significativa, mas não é suficiente.

A verdade é que mesmo os sindicatos mais combativos não apresentaram um plano coerente e combativo, não só para travar o genocídio e libertar a Palestina, mas também para estabelecer as ligações necessárias e evidentes entre a luta por uma Palestina livre e a luta pela libertação da classe trabalhadora e dos oprimidos. Falharam não só em organizar ações consistentes, mas também em ligar a opressão do povo palestiniano com o sistema capitalista que explora e oprime toda a classe trabalhadora. E recusaram-se, mesmo após vários exemplos internacionais – em Itália e no Estado Espanhol – a organizar-se com uma das armas mais eficazes no arsenal da classe trabalhadora: a greve geral.

A greve geral é vital! Contra o militarismo, por uma Palestina Livre

Mesmo depois de Itália e Espanha, a ideia de uma greve geral na Grã-Bretanha esteve praticamente ausente. Uma desculpa utilizada pelas lideranças sindicais é que as greves gerais foram de facto ilegalizadas pelas leis antissindicais, que lhes impõem condições rigorosas. Mas isto apenas demonstra como a classe dominante treme perante a ideia de uma greve geral.

A formulação da declaração do Unite the Union contradiz um conceito mais fundamental – a consciência de classe é fluida, e pode ser transformada por uma liderança combativa e organização. Limitar o papel da liderança a um mero apoio nega o seu potencial, que não é apenas “apoiar”, mas liderar pelo exemplo e dar à classe trabalhadora a confiança para agir.

É urgente organizar uma campanha que ligue os milhares de milhões de libras e dólares que a classe reinante nos tirou – os cortes nos serviços, na saúde, na assistência social, os cortes salariais e o aumento da exploração e da opressão, o declínio nas nossas condições de vida – ao dinheiro que alimenta as empresas de armamento e a máquina capitalista que promove e arma o genocídio e a ocupação na Palestina, no Sudão, toda a opressão doméstica e no estrangeiro.

Tal campanha conectaria todas as nossas lutas em termos concretos. A luta pela libertação da Palestina, a luta contra o racismo e a extrema-direita, e a luta contra os cortes e por uma vida digna são indissociáveis. São uma luta contra o sistema que lucra com a opressão e o genocídio da classe trabalhadora e dos oprimidos a nível internacional, e por um sistema que o possa substituir por uma verdadeira libertação e igualdade: um sistema socialista.

Precisamos de consolidar as nossas reivindicações, ligando a luta pela libertação da Palestina com a luta da classe trabalhadora e dos oprimidos a nível internacional:

  • Justiça pelos prisioneiros políticos em greve de fome;
  • Fim ao comércio de armas com o regime sionista;
  • Sanção e corte de todas as relações com o regime sionista;
  • Greve geral pela Palestina, pelo Sudão, pela sociedade, contra a guerra;

 

Estas exigências colocar-nos-ão em oposição direta com o sistema capitalista. Para as alcançar, precisamos de construir uma organização socialista revolucionária, coerente e consistente, que organize e lidere as melhores camadas da classe trabalhadora e dos oprimidos na luta para substituir um sistema que nos massacra por um sistema democraticamente planeado para as nossas necessidades, aspirações e libertação.

Precisamos de construir a organização revolucionária e combativa cujas sementes vemos no movimento de solidariedade com a Palestina, no movimento antirracista, no movimento sindical de base, na luta de classe por um feminismo combativo. Não será fácil, mas será necessário.

Junta-te à Esquerda Revolucionária Internacional para que isso aconteça.

Do rio ao mar, a Palestina será livre!

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