Angelita Correia, uma mulher trans e brasileira, foi dada como desaparecida dia 1 de janeiro, e encontrada no dia 11, morta numa praia de Matosinhos. Tinha 31 anos, era personal trainer e instrutora de dança e vivia em Portugal desde 2016. A família não crê que tenha sido suicídio, insistindo no sequestro e crime de ódio a sua irmã declara ainda que Angelita confessara já ter sido ameaçada.

Condenamos a violência machista e transfóbica que resultou no assassinato de Angelita Correia. De acordo com o Trans Murder Monitoring Project, entre outubro de 2019 e setembro de 2020 foram assassinadas 350 pessoas trans ou genderqueer em todo o mundo. 98% destas eram mulheres. 62% encontravam-se na prostituição. Em 50% dos casos na Europa, as vítimas eram imigrantes. A idade média é precisamente 31 anos. A violência que cai sobre todas as pessoas trans, em particular sobre as mulheres trans, é a mesma violência que matou 20 mulheres em Portugal em 2020, e que sustenta o sistema capitalista. Esta é fruto da divisão sexual do trabalho, pilar do patriarcado e do sistema binário de género, que oprime mulheres, pessoas trans e não binárias.

A pobreza e a precariedade para que são empurradas muitas das mulheres trans torna-as vulneráveis ao assédio, à violência, à prostituição e até à morte. Para além disso, as políticas xenófobas que privam os imigrantes dos direitos mais básicos, reforçam o racismo que cai sobre esta comunidade trans e imigrante. Por isso, reivindicamos medidas que possam realmente melhorar as condições de toda a classe trabalhadora e, consequentemente, de todos os grupos oprimidos e o acesso à nacionalidade portuguesa plena sem entraves a todos os imigrantes.

Defendemos ainda o acesso ao pleno emprego e à habitação acessível e digna. Exigimos o direito absoluto à autodeterminação de género sem qualquer condicionante e o reforço do SNS, público e gratuito sob o controle de todos os trabalhadores da saúde, a única forma de tornar a saúde pública trans-inclusiva. Reivindicamos o combate à descriminação, através da educação sexual inclusiva e da repreensão de pronunciamentos transfóbicos.

Precisamos de políticas que conservem a nossa vida e que lhe garantam dignidade. Precisamos de nos organizar, e combater a transfobia de frente. Estamos de luto, e em luta, por Angelita Correia, Gisberta Salce Júnior, e todas as vítimas fatais de transfobia no mundo.

Nem uma a menos! Queremo-nos vivas, livres e combativas!

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