A pandemia vem tornar mais clara a realidade da juventude de classe trabalhadora. O sistema de ensino não estava pronto para a mudança radical que foi feita e não estão reunidas as condições para o regresso às aulas. Quando é mais urgente investir em equipamentos de protecção individual e contratar trabalhadores para a saúde pública, o que o governo faz é injectar 850 milhões de euros no Novo Banco, que é controlado por um fundo norte-americano.
Face à crise de saúde pública, e enquanto o governo demonstra quem realmente serve, o Sindicato de Estudantes defende a única opção viável para o sector da educação: o fim imediato do ano lectivo. Esta exigência traduz as necessidades dos estudantes da forma mais simples. Se não há condições para continuar o ano lectivo, o ano termina.
A falta de condições de aprendizagem durante este período tem sido denunciada tanto por professores como por estudantes. E sabemos ainda os danos que esta situação tem provocado na nossa saúde mental. Todos nós estamos sob um stress enorme que a avaliação só vem aumentar. Esta exigência não se traduz em repetir o ano nem em terminar o ano sem avaliações. Exigimos o fim imediato do ano lectivo e que o trabalho desenvolvido durante o ano seja utilizado para avaliação!
A reabertura das escolas é nada menos que um ataque à juventude e à classe trabalhadora! Só uma parte dos trabalhadores teve a oportunidade de ficar em casa — muitos com os salários reduzidos. Esta medida do governo serve agora para forçar os trabalhadores com filhos a regressar aos locais de trabalho sem medidas eficazes de segurança nos transportes públicos e nas empresas, sem qualquer investimento significativo na saúde, sem uma única certeza sobre o futuro da pandemia. As escolas, com as infraestruturas e os equipamentos degradados, com turmas demasiado grandes, com falta de professores e restantes trabalhadores, podem tornar-se facilmente focos de contágio. Com isto, o governo mostra mais uma vez o total desrespeito pelas nossas vidas, arriscando-as pelos lucros das grandes empresas. Mas os lucros deles não podem valer mais do que as nossas vidas! Não à reabertura das escolas!
E agora, mais que nunca, exigimos também o fim dos exames nacionais. Qualquer prova efectuada nestas circunstâncias não vai reflectir o conhecimento dos estudantes. Todo este período de ensino online demonstrou enormes insuficiências, serviu para pouco mais do que para amontoar trabalhos e fichas, colocando em causa o nosso direito ao descanso e ao lazer.
Não podemos tampouco ignorar as desigualdades que os exames representavam. As desigualdades económicas têm um efeito muito claro nos resultados académicos de cada estudante. Ao longo dos 12 anos de ensino, os estudantes das famílias trabalhadoras e pobres — os que têm de trabalhar para apoiar a família, os que não têm acesso a explicadores ou livros de preparação, os que sofrem a crise de habitação e não têm condições para estudar em casa, os que não têm internet em casa, os que estudaram nas escolas mais degradadas e abandonadas pelo Estado — não tiveram de maneira alguma as mesmas oportunidades que os estudantes das famílias ricas. E após 12 anos desiguais, exigem que condensemos todo o nosso saber em 2 horas e meia de falsa “igualdade”. Os exames nacionais servem apenas para vedar aos pobres o acesso à universidade. E agora, durante a pandemia, as desigualdades tornam-se ainda maiores. Exigimos o fim dos exames nacionais e que a entrada no ensino superior seja através da avaliação contínua!
Estas reivindicações são urgentes para evitar contágios e mortes, para alcançar um ensino verdadeiramente universal. E são perfeitamente possíveis. São possíveis na medida em que nos organizemos e mobilizemos, utilizando as ferramentas que sempre serviram a classe trabalhadora e a juventude, como a greve.
Os estudantes não estão em condições de aprender, os professores não estão em condições de ensinar, os funcionários não estão em condições de manter as escolas em funcionamento com segurança e ninguém consegue salvaguardar-se do vírus. Os pais estão com medo, pelos seus filhos e por si. É impossível falar de liberdade quando o governo toma uma decisão tão claramente contra a vontade e a segurança de todos os que são afectados por essa decisão. Quem beneficia com o regresso à “normalidade” são os grandes empresários e banqueiros, que acumulam capital à custa do trabalho das nossas famílias. Mas somos nós o ensino, e se nós nos recusarmos a ir para a linha da frente, o ensino pára! Apelamos às organizações de estudantes, professores, pais e funcionários para que organizem a greve pelo fim do ano lectivo e a greve aos exames!