A situação na educação pública é verdadeiramente insuportável. Todos os anos dezenas de milhares de estudantes enfrentamos os mesmos problemas: salas de aula geladas, disciplinas sem professor durante meses — no início do presente ano letivo, 80.000 alunos não tinham professor em pelo menos uma disciplina —, turmas sobrelotadas, para além de todas as dificuldades económicas que as nossas famílias vivem no dia-a-dia.

Os profissionais da educação docentes e não docentes — os que fazem a escola funcionar — sofrem com a precariedade, a elevada carga horária e os baixos salários. Os nossos professores são obrigados a “andar com a casa às costas” todos os anos em concursos injustos, a suportar os gastos incomportáveis na habitação para poderem dar aulas e a viverem enterrados em burocracia. E a falta de técnicos especializados, como psicólogos, agravam os problemas de stress, ansiedade e esgotamento que são cada vez mais comuns entre a nossa classe, particularmente entre os jovens.

O Governo de maioria absoluta do PS, que se reclama progressista e de esquerda, mantém a escola pública num estado deplorável propositadamente. A possibilidade dos diretores de escola escolherem um terço dos professores significa um aprofundamento dos seus poderes e é na realidade um primeiro passo em direção à municipalização do ensino público. Significa o início de uma educação a várias velocidades no país, ficando a cargo de cada autarquia quanto investe em cada escola ou mesmo se as privatiza, abrindo o caminho ao aumento da precariedade, diminuição de salários e condições dos professores e restantes profissionais do ensino. Em suma, é o início da completa destruição da escola pública. É em sua defesa que se levantam agora os professores.

Professores, auxiliares, técnicos e estudantes: façamos greve todos juntos!

Esta também é uma luta dos estudantes e de toda a classe trabalhadora! Queremos uma escola e serviços públicos de qualidade! A educação pública é uma vitória da classe trabalhadora, cabe então à nossa classe, aos seus estudantes, professores, trabalhadores lutar contra a precariedade, os baixos salários, a ausência das condições mais básicas. Não queremos simplesmente manter a escola pública como ela agora existe. Queremos uma educação democrática, de classe e de qualidade!

As greves realizadas pelos professores e restantes profissionais da educação e a histórica manifestação do dia 14 de janeiro mostram vontade e determinação para alcançar a vitória. A organização em comités de greve e a formação de fundos de greve foram passos importantes para manter e ampliar a luta. Mas só isso não é suficiente: é preciso uma greve geral de toda a educação! Só unidos podemos vencer!

O Sindicato de Estudantes está solidário com a luta de todos os profissionais da educação e defende:

  • Educação pública 100% gratuita e de qualidade, incluindo a universidade; fim à municipalização e nem mais euro para os colégios privados com contrato de associação;
  • Contratação urgente e com condições dignas de milhares de professores por forma a acabar com as turmas sobrelotadas;
  • Por uma educação inclusiva e livre de opressões;
  • Fim das propinas e por mais bolsas de estudo, para que ninguém fique impedido de estudar por razões económicas;
  • Contratação de mais assistentes operacionais e técnicos especializados para suprir as reais necessidades da comunidade escolar;
  • Mais democracia nas escolas com a criação de comités de trabalhadores do ensino e estudantes para que a escola seja gerida por nós de forma democrática, a única forma de garantir um ensino de qualidade.

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

JORNAL DA LIVRES E COMBATIVAS