Marina Machete foi a primeira mulher trans a participar e a vencer o concurso de Miss Portugal, este ano. Logo de seguida, vários comentadores como Joana Amaral Dias e Miguel Sousa Tavares vieram demonstrar mais uma vez, apesar de não termos quaisquer dúvidas, de que lado da barricada estão.

Na rubrica de Miguel Sousa Tavares com o jornalista José Alberto Carvalho, o mesmo afirma que quem ganhou o concurso foi "uma operação, ou várias, de cirurgia plástica mais medicina molecular". Em tom jocoso, ambos ainda afirmaram que não se casariam com Mariana. Esta afirmação reaccionária, para além de transfóbica, olha para a mulher como um objeto cuja finalidade é agradar ao homem e reproduzir o ideal da família burguesa.

Fingindo ainda alguma preocupação com a exploração e a opressão das mulheres, Miguel Sousa Tavares, utiliza o movimento feminista como arma de arremesso transfóbica afirmando que as "feministas" não protestaram contra a possibilidade da participação de mulheres trans no concurso. É importante desmontar estes ataques, personalizados na Mariana, mas que na realidade são contra todas as pessoas Trans e contra o movimento feminista e LGBTI+.

A preocupação do Miguel Sousa Tavares não é a violência quotidiana que sofrem as mulheres cis, mas sim a manutenção deste status quo que não nos permite viver sem constrangimentos. O que têm a dizer sobre os feminicídios? Sobre o constante aumento dos números de mulheres violentadas por parceiros? Sobre a precariedade a que somos subjugadas? Sobre os constantes ataques ao nosso direito de decidir sobre os nossos próprios corpos?

Enquanto feministas e pessoas LGBTI+ a nossa existência é um risco para a manutenção deste sistema. E a direita e a extrema-direita usam todas as suas ferramentas para nos atacar e empurrar-nos para dentro do armário, tentando criar divisões. Recusamos que reacionários utilizem a luta feminista para atacar a comunidade trans!

A defesa dos direitos das mulheres cis inclui a luta pela defesa dos direitos das pessoas trans e não-binárias. Apesar da violência diária que sofremos ter as suas especificidades, a sua base é a mesma. É este sistema podre que a cada dia que passa nos empurra mais para a pobreza, precariedade, violência machista e lgbtfóbica. Este sistema, e os seus capatazes, são o nosso real inimigo! A luta para derrubar o capitalismo e todas as suas formas de opressão e exploração será feita lado a lado com todas as mulheres e pessoas não-binárias.

É por todas as mulheres e pessoas LGBTI+ violentadas e assassinadas pela violência machista e lgbtfóbica, que saímos às ruas no dia 25 de novembro. Protestamos contra a inflação e a precariedade, contra a extrema-direita e as suas ideias reaccionárias e pelo direito aos nossos corpos e à nossa identidade!

É necessário combater qualquer tendência transfóbica no movimento feminista, sindicatos e organizações de trabalhadores. A nossa organização é a única forma de derrotar todos estes parasitas reacionários.

Junta-te às Livres e Combativas!
Por um feminismo revolucionário, anticapitalista e inclusivo!

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

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