Na periferia de Lisboa, nos bairros mais pobres e racialmente segregados, o Estado português comporta-se tal como se comportou durante o colonialismo. Homens e mulheres são assediados, humilhados e espancados impunemente, jovens e até crianças já foram mortas a tiro, e nem dentro de casa as famílias trabalhadoras estão seguras, como provam repetidamente os despejos e demolições de bairros inteiros. Os direitos, a propriedade pessoal e habitação, os próprios corpos dos negros de classe trabalhadora são esmagados pela polícia, o braço armado do Estado.

Depois do fim do fascismo e do colonialismo, duas gerações inteiras esperaram por dias melhores. Homens e mulheres que entregaram todos os anos da sua juventude, toda a sua saúde, toda a sua energia a este país, que construíram as estradas e linhas férreas, os portos, os prédios de habitação, os centros comerciais, os estádios e o que mais existe, que cozinharam, lavaram, limparam, cuidaram, ensinaram, que trabalharam e produziram, que fizeram este país como todos os restantes trabalhadores, apenas para hoje ver os seus filhos a ser violentados.

A classe dominante continua a tentar convencer-nos que tudo vai acabar bem, que o capitalismo caminha, devagarinho, rumo à justiça e à igualdade, que o nazismo e o racismo foram derrotados no século passado pelos governos democráticos da Europa.

Mas se o racismo foi derrotado e está a desaparecer, porque é que a violência contra os negros, os ciganos e todos os não-brancos está a aumentar? E como é possível que vejamos novamente políticos de extrema-direita sentados em parlamentos europeus — em Itália, França, Alemanha, Áustria, Inglaterra, Holanda, Suécia… e até no próprio parlamento europeu? A Europa e os seus Estados, os paladinos dos “Direitos Humanos” e da “Liberdade”, têm mais respeito e consideração pelos racistas do que pelas vítimas do racismo, e chegam a defender o direito à “liberdade de expressão” de fascistas e racistas enquanto espezinham todos e cada um dos direitos das vítimas do racismo. Na própria polícia são tolerados, pelas mais altas chefias, agentes assumidamente nazis!

A mentira está a tornar-se demasiado óbvia. Não, o capitalismo não está a acabar a pouco-e-pouco com o racismo tal como não está a acabar com as crises económicas. O capitalismo precisa do racismo! E sempre que há uma grande crise — algo inevitável no capitalismo —, é com o racismo que se escondem as verdadeiras contradições do sistema.

Quando o desemprego, a pobreza e a destruição do Estado Social arruinam milhares de famílias de classe trabalhadora por toda a Europa, é com racismo que os trabalhadores são incentivados a odiar os imigrantes, os negros, os ciganos, todos os que não sejam considerados “nacionais”, portanto, é com o racismo que o grande capital se esconde enquanto despede em massa, baixa os salários, privatiza os serviços públicos e sujeita toda a vida dos explorados ao objectivo do lucro. Quando centenas de milhares de vítimas das guerras imperialistas estão dispostas a arriscar a vida e a atravessar o Mediterrâneo em condições miseráveis, é com racismo que os trabalhadores são incentivados a odiar os refugiados, portanto, é com racismo que se preserva a estabilidade política dos Estados que financiaram as guerras e se garante a paz dos grandes capitalistas que lucraram com elas. Quando os trabalhadores e jovens negros são humilhados e violentados pela polícia, é com racismo que se convence o resto da nossa classe de que a polícia está a proteger os trabalhadores dos “criminosos”, é com racismo que se legitima actos sistemáticos de terrorismo contra as camadas mais exploradas e potencialmente mais revolucionárias da nossa classe!

Em qualquer situação que mostre claramente as contradições entre os exploradores e os explorados, é com racismo que o capitalismo se salva, é com racismo que os trabalhadores são envenenados. E se nos organizamos para lutar por melhores condições de trabalho, por habitação, saúde, educação ou simplesmente para nos defendermos das agressões racistas, é com o racismo politicamente organizado — ou seja, com o fascismo — que somos atacados fisicamente.

Basta! Para nós, os revolucionários, está claro: só a revolução pode matar de uma vez por todas o racismo e o fascismo!

Junta-te ao Socialismo Revolucionário!

Junta-te à luta revolucionária contra o racismo e o fascismo!

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