Na manhã de 13 de novembro, foi posta em marcha uma nova onda de ação climática estudantil, no contexto do movimento Fim ao Fóssil, visando parar as aulas e ocupar escolas e faculdades por todo o país. Destacaram-se, entre estas ações, a ocupação da FCSH, da FPUL e da FBAUL, embora ações tenham sido levado a cabo em várias outras faculdades e escolas secundárias nesse dia.

Durante estas ocupações, os estudantes têm mantido assembleias para debater de forma democrática como proceder, deram palestras sobre justiça climática, o papel do capitalismo na degradação ambiental e de solidariedade com a Palestina.

Logo ao fim do primeiro dia de ocupação, forças policiais entraram na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH), a pedido da direção, para expulsar os estudantes em ocupação. Seis estudantes foram detidos pela polícia nesse processo. Não cedendo à repressão, os estudantes regressaram na noite seguinte, para montar de novo a sua ocupação da faculdade, contra os protestos da direção.

A 15 de novembro, a ameaça repressiva, encabeçada pela intervenção policial, continuou a escalar. Na FCSH, a direção ameaçou chamar a polícia contra os estudantes simplesmente por colocarem faixas dentro do campus, começando a sistematicamente remover quaisquer sinais de protesto estudantil das suas paredes, acabando por fechar os portões antes da hora, não deixando ninguém entrar, isolando os estudantes e deixando-os à mercê da violência policial.

Também a pedido da direção, a polícia entrou na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, acabando por deter 3 estudantes no decorrer de uma palestra sobre desobediência civil, uma das quais detida apenas por estar a assistir. Segundo o diretor, o problema é que estavam a falar de “coisas políticas”. A polícia entrou também na Faculdade de Belas Artes de Lisboa, para deter todos os estudantes presentes no recinto enquanto preparavam uma ocupação. No fim, no entanto, a direção voltou atrás, face ao número de estudantes envolvidos e à solidariedade presente noutras faculdades, acabando a ocupação por ser levada em frente.

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Os métodos autoritários e repressivos dos diretores universitários deram um novo passo em frente ao chamar a polícia para deter estudantes que se manifestavam e discutiam política.

Dia 16 de novembro, enquanto os estudantes de Lisboa se encontraram na FCSH em solidariedade para com os seus colegas detidos e em protesto contra as atitudes repressivas das direções, um grupo de militantes do Chega entrou na faculdade, distribuindo propaganda contra a ocupação e negacionista das alterações climáticas, enquanto provocavam os estudantes em protesto. Esses agentes provocadores foram, face à força implacável da juventude em luta, expulsos da faculdade, para poderem ir chorar para os meios de comunicação social, que prontamente vieram defender o seu direito de expressão livre, apesar de, ao longo destes dias, não terem dito uma palavra em defesa dos estudantes detidos e reprimidos pela polícia.

Dia 18 de novembro, a repressão policial continuou, com 7 estudantes detidas na ocupação da reitoria da Universidade de Lisboa.

Enquanto escrevemos estas linhas, o movimento estudantil mantém-se em luta acérrima, prometendo manter acesa a centelha dos seus protestos e das suas ocupações. Por sua vez, as forças de repressão também se mantêm cada vez mais virulentas na sua ação, com patrulhas policiais percorrendo agora os campus, e com as direções a mostrarem-se cada vez mais agressivas com qualquer sinal de manifestação estudantil.

A atitude repressiva destas direções universitárias é escandalosa e reminiscente dos tempos do fascismo. O precedente aqui aberto, de que a polícia deve servir como braço armado das direções na repressão do movimento estudantil, é extremamente perigoso e não pode ser tolerado. A polícia tem de ser expulsa das faculdades, assim como os agentes provocadores da extrema-direita, na sua missão de defender o capital da revolta estudantil.

O silêncio dos “representantes” dos estudantes

Igualmente escandalosa é a posição ambivalente e cobarde das direções estudantis, em particular as das associações de estudantes, que apenas timidamente fazem frente às direções universitárias, protestando a baixa voz o seu uso repressivo da polícia, mas que protestam vigorosamente contra os meios de revolta estudantil, dizendo “não se rever” nesses métodos de luta, e indo para as assembleias estudantis acusar de divisionistas quem muito corretamente critica a sua postura de neutralidade face a estes eventos.

Que confiança pode ter a juventude em direções, ditas progressistas, que, face à destruição climática por parte do capitalismo, face ao massacre imperialista no Médio Oriente, e face à revolta estudantil contra estes horrores, responde apelando à paz social e a uma linha retórica em nada mais radical do que a encontrada nos discursos da ONU e dos governos europeus?

Que confiança se pode ter numa Associação de Estudantes que, face à violência policial, culpa as suas vítimas, acusando-as de “destruição de património” e de perturbar o “bom funcionamento da faculdade”? Nenhuma confiança, é essa a resposta.

O movimento estudantil que hoje existe nas faculdades e nas escolas secundárias está muito à frente do que qualquer associação estudantil que afirma representá-los.

O escalar da repressão policial é também um sinal de que o Estado burguês se está a sentir ameaçado pela força destes protestos. A combatividade e solidariedade que os estudantes têm vindo a demonstrar são formidáveis, assim como o são os seus sentidos de auto-organização democrática, levando a cabo assembleias para discutir as direções a tomar.

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O movimento estudantil que hoje existe nas faculdades e nas escolas secundárias está muito à frente do que qualquer associação estudantil que afirma representá-los.

As ocupações e protestos anteriores pelo clima mostraram a necessidade de alargar este movimento ao maior número de estudantes, professores e demais trabalhadores. Com o aumento da repressão esta necessidade torna-se ainda maior. É preciso organizar a autodefesa contra a extrema-direita e a polícia.

Enfrentamos uma situação que exige que se dê o próximo passo em frente na luta - é preciso federar-se. É preciso construir-se a organização de luta revolucionária estudantil, presente todos os momentos em todas as escolas e faculdades, e a participar em todas as lutas. O movimento estudantil revela a sua vitalidade e combatividade na luta contra a repressão capitalista. A federação destas suas lutas num único organismo, capaz de as levantar ainda mais, seria um instrumento imprescindível na batalha contra o capital.

Como Sindicato de Estudantes, apelamos à construção dessa organização, e convidamos todos os estudantes revolucionários, que corajosamente têm levado a cabo a luta contra a destruição climática e contra a agressão imperialista, a se juntarem a nós, e a participarem nesta construção.

Junta-te ao Sindicato de Estudantes! Unidos venceremos a repressão!
Toda a solidariedade com os nossos colegas detidos! Não quebrarão o espírito de revolta e solidariedade estudantil!

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