Se analisarmos com rigor as motivações da brutal agressão sionista em Gaza e também na Cisjordânia, uma das coisas que salta à vista é como os meios de comunicação social escondem que, por detrás dos bombardeamentos e da destruição de milhares de casas e infraestruturas, por detrás do massacre da população palestiniana e da sua limpeza étnica, está um grande negócio.

O sangue de milhares de crianças palestinianas, de milhares de homens e mulheres inocentes, é a condição necessária para que os bolsos dos capitalistas israelitas e dos seus parceiros ocidentais voltem a encher-se de lucros estratosféricos.

Este não é apenas o caso dos especuladores do mercado bolsista, que sabiam a que horas se daria o ataque do Hamas, mas também dos bancos e especuladores imobiliários que esfregam as mãos perante a deslocalização sangrenta da população palestiniana e as possibilidades de expandir o negócio a Gaza, um negócio que em Israel e na Cisjordânia lhes trouxe enormes lucros graças a uma das bolhas imobiliárias mais inflacionadas do mundo.

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O sangue de milhares de crianças palestinianas, de milhares de homens e mulheres inocentes, é a condição necessária para que os bolsos dos capitalistas israelitas e dos seus parceiros ocidentais voltem a encher-se de lucros estratosféricos.

Negócios a qualquer o custo

Em Israel, a base social da extrema-direita e da direita tem muitas semelhanças com a do Estado espanhol, Portugal e de outros países: o boom imobiliário e o aumento dos preços, juntamente com a ausência de habitação pública que atinge duramente a classe trabalhadora, permitiu que grandes e pequenos proprietários ganhassem dinheiro com o aluguer e revenda de casas e apartamentos, impulsionando a expropriação de terras dos palestinianos para continuar a construir e especular.

Por detrás desta política de destruição de casas em Gaza e na Cisjordânia, de multiplicação de colonatos e de terrível limpeza étnica está um negócio multimilionário à custa do povo palestiniano.

Israel é atualmente um dos países mais caros do mundo para comprar casa, e um paraíso para especuladores imobiliários e grandes bancos que ganham dinheiro com este negócio. Os preços das casas em Tel Aviv e Jerusalém são mais altos do que em qualquer grande cidade europeia, incluindo a capital mais cara, Paris. O preço médio de uma propriedade em Israel é agora de 1,9 milhões de NIS (548.700 dólares) e um apartamento em Tel Aviv 3 milhões de NIS (878.000 dólares).

Os preços das casas aumentaram mais de 200% desde 2007 devido à ausência de programas de habitação pública e à liberalização total do sector. Como assinalou o Times of Israel: "Os preços em Jerusalém são escandalosos, os mais altos que se possam conseguir. Apartamentos entre 85 a 100 metros quadrados só se conseguem desde 1 milhão a 1,5 milhões." Todos os que possuem um terreno fazem um negócio fabuloso: "Uma empresa imobiliária de luxo com sede em Nova Iorque comprou uma grande parcela de terreno no centro de Jerusalém propriedade do Patriarcado Ortodoxo Grego por 750 milhões de NIS (216 milhões de dólares), anunciaram as partes esta semana. A compra foi a primeira em Israel para a Extell Development, fundada e liderada pelo empresário judaico-americano Gary Barnett, que também é dono da Extell Ltd., que emite títulos na bolsa de valores israelita há oito anos.”

Empresas estado-unidenses e europeias também estão a lucrar. Há planos para construir torres de 40 andares na parte ocidental de Jerusalém. De que país é o gabinete de arquitetura a quem foi adjudicado o concurso para a obra? Alemanha. "O espaço público será projetado pelos arquitetos berlinenses Topotek 1, vencedores de um concurso internacional para a obra." Este é apenas um pequeno exemplo do negócio que a burguesia alemã tem em Israel e explica por que se tornou um dos grandes apoiantes do Estado sionista no seu genocídio em Gaza.

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Há planos para construir torres de 40 andares na parte ocidental de Jerusalém adjudicadas a um escritório de arquitetura alemão. A burguesia alemã está a fazer bons negócios em Israel, e por isso a Alemanha é um dos grandes aliados do Estado sionista.

Colonatos, um maná para especulação imobiliária

Mas a intervenção militar abriu claramente novas janelas de oportunidade. As empresas de construção de colonatos já estão a preparar-se para o futuro e vêem a Gaza repetir o lucrativo negócio que fazem na Cisjordânia.

Em 2020, após o anúncio do plano de Trump de apoiar novas anexações na Cisjordânia consideradas ilegais, um artigo incidiu sobre o negócio que se avistava: "Os agentes dizem que viram um salto nas vendas desde que a anexação começou a dominar as manchetes após o lançamento do plano estado-unidense, e os compradores estão preocupados que os preços aumentem (...) Imediatamente após a anexação, os preços subirão entre 10 a 15% e, dentro de cinco, seis ou sete anos, subirão cerca de 30%, não menos”.

Zeev Epstein, que registou um número recorde de vendas no mês passado, compartilha o otimismo: "A anexação fará uma grande diferença", disse à AFP Epstein, cuja empresa imobiliária Harei Zahav (Montanhas Douradas, em hebraico) lida exclusivamente com colonatos israelitas. "Vai ser um grande mercado, vamos ter de nos preparar e trabalhar muito para aproveitar esta oportunidade."

Podemos imaginar que rios de dinheiro serão conseguidos por estas empresas ao construírem moradias residenciais, complexos turísticos e hotéis de luxo de frente para o mar na Faixa de Gaza.

Negócios para os proprietários, pesadelo para a classe trabalhadora israelita

Israel tem apenas 295 unidades habitacionais por 1.000 habitantes, perdendo em escassez apenas para a Grécia, com 285 unidades por 1.000 habitantes. O parque habitacional médio na Europa é de 473 habitações por 1.000 habitantes.

Tamanha é a carência que o Estado sionista organiza sorteios de casas com desconto para os vencedores, mas sempre casais casados ou em processo de casamento. Aqueles que têm azar nos sorteios passam por tremendas dificuldades para alugar casa.

"Alugar uma casa em Israel pode ser uma experiência dolorosa. Não existe um contrato de arrendamento padrão e os senhorios podem exigir todo o tipo de garantias (razoáveis e irrazoáveis), dependendo do imóvel e do seu temperamento. Os contratos de arrendamento também são de curto prazo, geralmente por apenas um ano (com opções de prorrogação por mais um ano), e os inquilinos podem ficar fora da casa em que pretendiam ficar por um período mais longo com apenas alguns meses de antecedência. Uma casa de banho com fugas pode transformar-se numa batalha de vontades entre um inquilino e um senhorio na ausência de cláusulas claras que definam quem é responsável por que reparações."

"É um mercado não regulado que favorece em grande medida os proprietários privados (potencialmente até 13% dos israelitas), que em teoria podem aumentar o preço do aluguer a percentagem que queiram e despejar até mesmo bons inquilinos para garantir alugueres mais altos. Isto deve-se a um mercado imobiliário onde a procura supera em muito a oferta e muitos não conseguem adquirir propriedades."

"Aproximadamente 30% dos agregados familiares (ou aproximadamente 800.000 agregados familiares em cerca de 2,7 milhões em 2021) vivem em habitação arrendada (excluindo habitação de muito curta duração), alugueres como "zimmers" e casas de férias, de acordo com um inquérito de 2018-2019 realizado pelo Gabinete Central de Estatísticas e publicado em 2021".

Esta situação de preços impossíveis dá também origem a um bom rendimento do arrendamento da habitação ou da sua venda, criando uma densa rede de pequenos e médios rentistas que constitui a base social mais sólida da extrema-direita sionista.

Se é quase impossível para os trabalhadores ou jovens israelitas conseguirem habitação, a situação dos palestinianos é ainda pior. Soma-se a isto os obstáculos legais que tornam completamente inviável para a população árabe de Israel obter licenças para construir moradias. É claro que os especuladores do sector têm carta branca para construir o que for necessário: "O comité de planeamento e construção regional do distrito de Tel Aviv aprovou esta semana planos para adicionar 36.000 novas unidades habitacionais na cidade de Holon, como parte de um plano mais amplo de renovação urbana, anunciado como o maior projeto de desenvolvimento no centro de Israel”.

Não é só a especulação imobiliária que estimula a expropriação de terras. As exportações agroalimentares são um bom negócio para alguns e também estão por detrás da expulsão e da limpeza étnica do povo palestiniano.

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Se para os jovens israelitas é quase impossível conseguir uma casa, para os palestinianos é ainda pior. Sofrem ainda de obstáculos legais que tornam completamente inviável para a população árabe de Israel obter licenças para construir moradias.

Israel exporta 2.000 milhões de dólares em produtos agrícolas e alimentos, e uma parte dessa terra produtiva, onde os colonos monopolizam a água, está nos territórios ocupados. Conforme noticiado pelo jornal britânico The Guardian: "Alguns enriqueceram ao cultivarem milhares de hectares de terras disputadas, onde nasceram para exportação marcas de vinho e azeite de alta qualidade e de tâmaras medjool (altamente apreciadas na Europa). Uma das maiores empresas agrícolas dos colonatos é a Meshek Achiya, fundada em 2003 perto do assentamento de Shilo, uma área particularmente notória pelo roubo de terras e violência dos colonos.”

Outro artigo acrescenta: "Famílias locais dizem que Meshek Achiya cresceu depois de tomar terras à força durante a segunda intifada (levantamento palestiniano) na primeira década do século XXI, quando o acesso palestiniano à área foi bloqueado por postos de controlo do exército israelita."

Resumindo, as empresas imobiliárias sionistas, a fim de atrair potenciais compradores entre a população judaica de outros países, insistem nos seus anúncios públicitários que Israel é um país extremamente seguro. A segurança da propriedade anda de mãos dadas com o aumento da violência repressiva contra a população palestiniana, o assassínio impune de crianças e a limpeza étnica. É por isso que os governos ocidentais que falam do direito de Israel a defender-se não fazem mais do que encobrir e justificar uma barbárie cada vez mais parecida à do nazismo.

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