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Nos passados dias 15 e 16 de fevereiro celebrámos em Lisboa o III Congresso da Esquerda Revolucionária. Foram dois dias de discussões sobre as perspectivas para o desenvolvimento da luta de classes no mundo e em Portugal, assim como sobre a construção da nossa organização. Participaram todos os militantes em Portugal, assim como uma delegação composta por camaradas das seções do Estado espanhol e México, e online das secções venezuelana e alemã da Esquerda Revolucionária Internacional.
Os últimos dois anos foram marcados por um aumento da luta inter-imperialista entre os blocos liderados pelos Estados Unidos da América e pela China. Discutimos a guerra na Ucrânia, o terrível genocídio do povo palestiniano pelo Estado sionista e ainda a queda do regime sírio, expressões da luta entre estes dois blocos pelo controlo de território, matérias-primas e rotas comerciais. As burguesias estado-unidense e europeias em declínio face a uma China em ascenção, que controla cada vez mais mercados anteriormente dominados por estas, recorrem a métodos repressivos cada vez mais autoritários — colocando o fascismo no horizonte — para evitar a queda dos seus lucros e como resposta às grandes lutas da classe trabalhadora contra a perda de direitos e qualidade de vida, e em solidariedade com o povo palestiniano.
Discutimos como o segundo mandato de Trump veio acelerar esta tendência, e deixa claro que a burguesia estado-unidense, crescentemente desesperada, não se deixará ultrapassar sem usar todos os métodos ao seu alcance para o evitar, mesmo que contraproducentes, como as tarifas. Internamente elegeu os trabalhadores imigrantes e pessoas trans como principais bodes expiatórios contra os quais unir a sua base reacionária, mas irá alargar os seus ataques à restante classe trabalhadora, a mesma que organizou as grandes manifestações anti-racistas e feministas, que se sindicaliza em cada vez mais sectores da economia, e que no dia da inauguração de Trump organizou protestos em centenas de cidades do país, e que lutará ferozmente.
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Discutimos o quase um ano de governo da AD em Portugal, que está a adoptar o discurso e métodos da extrema-direita, usando a mesma receita de fazer dos trabalhadores imigrantes o bode expiatório de todos os problemas criados pelo grande capital e pela sua destruição dos serviços públicos. A classe trabalhadora e a juventude têm respondido com contundência aos ataques racistas do governo, mostrando uma enorme força e vontade de o combater nas ruas. São exemplo disto as manifestações multitudinárias do 25 de abril e as manifestações anti-racistas espoletadas pelo assassinato de Odair Moniz pela polícia e pela repressão de imigrantes na rua do Benformoso. Os partidos reformistas à esquerda do PS continuam a ignorar esta combatividade, preferindo focar-se no parlamentarismo, apesar dos seus escassos números, resultado de uma política de conciliação de classes que continuam a seguir.
Por todo o mundo a classe trabalhadora liderou processos nos últimos dois anos que poderiam ter resultado na tomada do poder caso existisse um partido revolucionário com influência de massas — mesmo no coração da Europa, com greves massivas no Reino Unido e uma crise revolucionária em França. A construção desse partido, que, armado com o programa da revolução socialista e baseado na força e nos métodos da nossa classe, dirija todo este potencial para a tomada do poder, é a tarefa a que nos propomos.
Fizemos um balanço muito positivo da construção do partido nos últimos dois anos, desde a construção de direções coletivas ao nível do comité executivo e dos grupos de base em Lisboa e no Porto, à criação de um novo grupo de trabalho de Publicações, que dinamiza o website e as redes sociais, às atividades desenvolvida nas nossas frentes, como a participação nas manifs anti-racistas e em defesa da Palestina. Com a Livres e Combativas participámos nas marchas do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, e do Orgulho LGBTI+, imprimindo-lhes um carácter anticapitalista e revolucionário. Com o Sindicato de Estudantes estivemos presentes nos acampamentos estudantis em solidariedade para com a Palestina tanto em Lisboa como no Porto.
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A teoria marxista é indispensável para a prática revolucionária, e por isso celebrámos a publicação regular bimestral do nosso jornal A Centelha, para além de uma edição especial pelo fim do genocídio e libertação da Palestina do jugo imperialista e colonialista, e ainda de dois novos livros nos últimos dois anos. Reforma ou Revolução de Rosa Luxemburgo é um clássico do marxismo que explica a impossibilidade de se atingir o socialismo através de reformas, e, portanto, como o reformismo é um beco sem saída para a classe trabalhadora. O nosso livro original A Revolução Portuguesa condensa os principais acontecimentos e lições da revolução portuguesa no seu quinquagésimo aniversário: como sem uma direção revolucionária, a estratégia do PCP centrada na teoria das etapas e na aliança com sectores “progressistas” da burguesia — assim como a subserviência a uma União Soviética degenerada que seguia as estratégias estalinistas do socialismo num só país e da divisão do mundo em esferas de influência — resultaram na derrota da revolução.
Discutimos também a importância das Finanças Revolucionárias para a nossa independência financeira e política. O entusiasmo e compromisso com a construção do partido refletiu-se na presença e envolvimento de todos os militantes na construção do Congresso, assim como numa grande coleta de 2300€ para fortalecer as nossas finanças revolucionárias.
As conclusões do debate estão condensadas no nosso documento de perspectivas políticas e construção, onde se incluem as tarefas e objetivos específicos para o novo período que se abre. Para se encarregar dessa responsabilidade, elegemos um novo Comité Central, composto por jovens trabalhadores e trabalhadores-estudantes, todos comprometidos e entusiasmados com a luta. A aprovação dos documentos e nova direção foi conseguida por unanimidade!
O capitalismo em decadência só tem miséria, desastres ambientais, guerras imperialistas e fascismo para nos oferecer. O slogan de Rosa Luxemburgo é tão relevante hoje como quando as escreveu: socialismo ou barbárie! Construir o socialismo e realizar a revolução que derrube este sistema podre é a tarefa!
Junta-te aos e às comunistas revolucionárias para construir o partido da revolução!
Junta-te à Esquerda Revolucionária!