Nos cinquenta anos do 25 de abril de 1974, o desfile popular em Lisboa transbordou a Avenida da Liberdade durante mais de 5 horas com perto de um milhão de pessoas. Uma manifestação histórica, massiva e apenas comparável às grandes manifestações contra a Troika de há uma década ou, como lembraram os mais velhos, como a grande manifestação do 1º de maio de 1974.

Também no Porto, com 30 mil pessoas, em Coimbra, 8 mil, e em dezenas de outras cidades de norte a sul do país e ilhas estas foram das maiores manifestações populares dos ultimos tempos. É inegável que o espírito e legado da Revolução Portuguesa continua presente entre os trabalhadores e a juventude.

Este ano, além do 50º aniversário, a urgência e necessidade de estar nas ruas foi sentida por muitos. A vitória da direita e sobretudo da extrema-direita, com a eleição de 50 fascistas para o parlamento, representa uma ameaça séria aos direitos das mulheres, das pessoas LGBTI e dos imigrantes.

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No Porto, mais de 30 mil pessoas encheram as ruas do centro da cidade, com a classe trabalhadora e a juventude na linha da frente.

Uma mobilização verdadeiramente popular

Apesar da ameaça da extrema-direita e dos ataques constantes à Revolução, a mobilização da esquerda reformista para esta manifestação ficou muito aquém do necessário. Esta manifestação veio de uma mobilização verdadeiramente popular, que paralisou a infraestrutura de transportes, contou com centenas de coletivos e muitos milhares de jovens e trabalhadores.

Os blocos estudantis, pelo clima, pela Palestina e do movimento Vida Justa mostraram uma juventude e uma classe trabalhadora determinadas em lutar contra todos aqueles que querem atacar o direito ao aborto, que dizem que a mulher deve regressar ao lar, que atacam o direito à existência e vida digna dos trabalhadores imigrantes, que negam e agridem a existência das pessoas trans e não-binarias e que defendem os interesses e lucros dos bancos, das grandes empresas eneegeticas, distribuidoras alimentares e dos fundos imobiliarios. Que preferiam, no fundo, que nunca tivesse havido a Revolução de 74-75.

Nunca como em anos anteriores se ouviu tanto “25 de abril, sempre! Fascismo nunca mais!” gritado com raiva, determinação, vontade mas também a certeza de que, com a força que demonstramos, não haverá extrema-direita que nos pare.

Após a derrota nas eleições legislativas, muitos, da direita à esquerda, vaticinaram uma viragem do país à direita. Mas como sempre explicamos, as eleições foram a fotografia de um momento. A polarização social tem vindo a acontecer quer para a extrema-direita quer para a esquerda. Esta manifestação absolutamente impressionante e histórica é prova do que dizemos. A classe trabalhadora e a juventude deram um murro na mesa quer contra a reacção quer, de forma indireta, contra todos os dirigentes social-democratas e reformistas que abandonaram a luta social e defendem o atual regime burguês, saído do golpe contra-revolucionário de 25 de novembro de 1975.

É preciso construir uma esquerda combativa 

A Esquerda Revolucionária interviu no Porto e em Lisboa com a nossa imprensa, defendendo o caráter revolucionário do período aberto em 25 de abril de 1974 e as conquistas alcançadas durante a Revolução Portuguesa.

Defendemos ainda a necessidade de construir uma esquerda combativa e revolucionária para derrotar a reacção.

O capitalismo é cada vez mais incapaz de resolver as necessidades da grande maioria da população ou sequer representar qualquer tipo de progressismo. Hoje, o capitalismo e os regimes democráticos burgueses representam apenas desemprego, fome, miséria, violência, opressão de género e guerra.

Junta-te à Esquerda Revolucionária!

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