Gurpreet Singh, um jovem imigrante indiano de 25 anos, foi assassinado no seu próprio quarto em Praias do Sado, Setúbal, a 5 de novembro com um tiro de caçadeira no peito disparado através da janela. Os assassinos, dois irmãos de nacionalidade portuguesa, foram detidos pela Polícia Judiciária a 6 de dezembro. Segundo o relato dos moradores ficou por deter um terceiro homem, condutor do carro que utilizaram na fuga.

Sabe-se agora que este grupo tinham como intenção matar não apenas Gurpreet mas todos os moradores da casa, 6 imigrantes indianos trabalhadores na agricultura, por motivações puramente racistas, tendo disparado um total de 4 vezes antes de um dos moradores lhes ter corajosamente conseguido tirar a arma.

Apesar de ambos os detidos estarem indiciados por homicídio qualificado e homicídio na forma tentada, somente um deles, o atirador, ficou em prisão preventiva. O outro foi libertado e sujeito apenas a apresentar-se a cada dois dias no posto da polícia. Um homicida que fica em liberdade para organizar novos crimes racistas!

O Estado burguês e as suas instituições protegem racistas e fascistas

Infelizmente não é surpreendente. Sabemos como os juízes protegem racistas, machistas, fascistas e todo o tipo de escória da sociedade capitalista, e, em particular os seus amigos polícias. Um exemplo flagrante foi o caso dos 6 agentes da GNR apanhados em 2021 a torturar imigrantes em Odemira dos quais, apesar de acusados de 33 crimes, apenas um foi condenado a 6 anos de prisão, tendo os restantes 5 voltado ao ativo sem qualquer consequência.

São os mesmos juizes que condenam a penas de prisão ou multas ativistas e militantes de esquerda pelos atos mais triviais, como aconteceu com os jovens estudantes ativistas pelo clima por terem bloqueado ruas em Lisboa ou com o ativista antirracista Mamadou Ba por ter tweetado que o neonazi Mário Machado é uma das figuras principais do assassinato de Alcindo Monteiro, o que é absolutamente verdade.

O homicida que não teve oportunidade de premir o gatilho sai em liberdade, mas aos perigosos ativistas que tweetam e ocupam ruas não se pode mostrar leniência, devem ser condenados! Dois pesos e duas medidas. A razão é simples: os órgãos do Estado são controlados pela classe dominante, a burguesia, e têm o papel de salvaguardar o sistema capitalista e os seus cães de fila, as forças de segurança e os fascistas, para que estes protejam a sua propriedade privada, impeçam a organização da classe trabalhadora, e persigam as minorias, as pessoas imigrantes e racializadas, as mulheres, as pessoas LGBTI+ e os ativistas e militantes de esquerda.

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Esta incursão assassina representa uma escalada da violência racista em Portugal. A classe trabalhadora só pode contar com as suas próprias forças para acabar com o fascismo e o racismo.

Também é revelador que na altura a notícia de um assassinato com motivação certamente racista se tenha limitado a um par de jornais nacionais. A comunicação social tentou escondê-lo, como em casos anteriores, para que não voltem a ocorrer poderosas manifestações anti-racistas como a de 6 de junho de 2020, e muito menos se transformem num movimento mais amplo como o Black Lives Matter nos EUA. Os grandes grupos de comunicação social burgueses que escondem e branqueiam a violência protagonizada pela extrema-direita, controlados por capitalistas como Pinto Balsemão (Impresa) ou Mário Ferreira (Media Capital), são os mesmos que dão larga cobertura ao Chega.

A luta organizada e revolucionária é a única forma de combater a extrema-direita e evitar novos assassinatos racistas!

Como desenvolvemos em maior detalhe neste artigo, a ascensão da extrema-direita é um fenómeno global intrinsecamente ligado à crise social e política do sistema capitalista. Também em Portugal cresce a extrema-direita, e este crescimento torna-a mais audaz.

Esta incursão assassina que ceifou a vida a Gurpreet — e que só não resultou em mais vítimas mortais devido à valentia dos próprios moradores — representa uma escalada da violência racista em Portugal. Depois dos assassinatos racistas de Luís Giovani e Bruno Candé, significa que não é só em plena rua que as pessoas racializadas e imigrantes são assassinadas às mãos de racistas e fascistas, mas também nas suas próprias casas.

É este o cobarde modus operandi da extrema-direita, atacar as camadas mais oprimidas da classe trabalhadora, neste caso imigrantes do sudeste asiático que trabalham na agricultura sem contratos, sem protecção social e, nalguns casos, num regime de escravatura, e que vivem em casas ou barracões sobrelotados. De notar que as condições em que vivem estes imigrantes só se perpetuam graças à conivência do Estado burguês, que facilita a superexploração destes imigrantes pelo débil e dependente capitalismo português.

Não há como esperar proteção do Estado burguês — que nega os mais básicos direitos democráticos e laborais a imigrantes de forma a rebaixar as condições de vida de toda a classe trabalhadora — ou das suas forças de segurança que violam, torturam e matam imigrantes. 

Só nos podemos proteger e aos nossos irmãos de classe dos ataques da extrema-direita e da burguesia através das nossas próprias forças. Nenhuma confiança no Estado, na polícia, nos tribunais burgueses! Há que mobilizar massivamente os trabalhadores e a juventude para a ação nas ruas, organizar comités de ação antifascista nos locais de trabalho, nas escolas e nos bairros, adoptando um programa revolucionário, que ponha o grande capital sob o nosso controlo democrático e concretize a reforma agrária. Só assim podem os comités ser a ponta de lança da revolução socialista que acabará com o racismo e o fascismo. 

Junta-te a nós para construir o partido revolucionário com esse programa!

Contra o Racismo e o Fascismo, Unidade e Luta!

JORNAL DA ESQUERDA REVOLUCIONÁRIA

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