No dia 27 de Setembro milhões de jovens por todo o mundo pararam as aulas e saíram às ruas contra a destruição do planeta causada pelo capitalismo. No Estado espanhol, mais de 2 milhões de estudantes paralisaram as escolas e universidades e encheram as ruas. Em Itália, mais de um milhão de jovens saiu às ruas. Manifestações e greves de massas tiveram lugar em países tão diversos como Chile, Argentina, Nigéria e Bangladesh. Também em Portugal, milhares de estudantes, em todas as principais cidades, aderiram à Greve Climática Internacional. O Sindicato de Estudantes participou nas mobilizações e a mensagem não podia ser mais clara. O capitalismo mata o planeta e necessitamos de uma revolução para o salvar!
O planeta não está a morrer, está a ser assassinado
Esta é a mensagem central dos milhões de jovens que saíram às ruas nos dias 20 e 27 de Setembro, dando continuidade a um poderoso movimento ecologista que cada vez mais aponta as responsabilidades aos verdadeiros culpados das alterações climáticas: as grandes multinacionais e os governos ao seu serviço.
Na Esquerda Revolucionária e no Sindicato de Estudantes estamos plenamente convencidos de que esta acção directa serviu de porta-voz para que os estudos mais recentes sobre a alarmante velocidade com que avança a catástrofe ecológica tivessem um auditório muito mais amplo. Isto forçou sectores da classe dominante a tentar mostrar a sua “consciência verde” acelerando a sua campanha demagógica. Com a estratégia de juntar-se ao comboio do ecologismo, tentam apagar as suas responsabilidades nesta barbárie.
Não é nenhuma casualidade que banqueiros, empresários e os seus representantes, como Angela Merkel, Macron, Marcelo Rebelo de Sousa e muitos outros, tentem apresentar as suas credenciais verdes e a sua grande preocupação pelo que está a ocorrer. Tudo isso faz parte da estratégia de assimilação do movimento ecologista pelo capital, que também o tenta comprar directamente, e tem como finalidade evitar que o movimento siga um rumo anticapitalista e revolucionário. Em Portugal, forças de direita, como o PSD, que sempre se colocaram ao lado das multinacionais mais destruidoras, infiltraram-se também nas manifestações da última sexta-feira. O movimento tem de deixar claro que estas forças não são bem-vindas!
O facto de a direita e de os meios de comunicação do sistema se declarem “ecologistas” não traz nada de positivo à luta contra as alterações climáticas. A único resultado disto é uma lavagem da cara dos responsáveis pela barbárie ecológica, o chamado “greenwashing”. E com o rótulo “ecológico” ou “bio” nas empresas, mascaram-se os lucros feitos com a destruição do planeta.
Não é possível ter um “capitalismo verde”. A crise estrutural do sistema não o aproxima de qualquer solução para a questão ambiental, pelo contrário, com mais ou menos discursos em cimeiras climáticas ou assembleias da ONU, os capitalistas já pensam até mesmo na exploração de novas rotas comerciais no Ártico, procurando formas de lucrar com o degelo dos pólos, da mesma maneira que se lançaram na destruição da floresta Amazónica para suportar a indústria da carne e da mineração, e da mesma maneira que preparam a exploração de lítio em 20% do território português.
Por detrás do discurso do capitalismo verde vem igualmente a culpabilização da grande maioria da sociedade pela crise ambiental, como se esta fosse uma questão de responsabilidade individual. E isto só serve para legitimar medidas de austeridade em nome do ambiente.
Em muitos países da Europa, os partidos verdes tentaram apresentar “soluções” respeitando as regras do jogo burguês, mas quando entraram nos governos aplicaram as mesmas políticas de cortes e ataques aos nossos direitos. Alguns exemplos são o Partido Verde sueco, que votou a favor de quotas para refugiados, o Partido Verde alemão que, em coligação com a social-democracia entre 1998-2005, levou avante o maior programa de privatizações desde a II Guerra Mundial. Podemos esperar exactamente o mesmo de partidos como o PAN.
Já o governo do PS fala sobre a criação de uma “agenda de transição ecológica”, mas estas belas palavras não têm nenhuma relação com a realidade. Durante anos no poder, concederam todo o tipo de privilégios às indústrias mais poluentes. Se António Costa realmente quisesse lutar contra as alterações climáticas, deveria começar por nacionalizar imediatamente as empresas do sector energético para submetê-las a um plano que as tornasse sustentáveis no menor espaço de tempo possível. Na política, o que importa são os feitos, não as palavras.
A tarefa de construir um movimento ecologista combativo, que defenda o fim da ditadura que os grandes monopólios exercem sobre a produção mundial, que planifique a economia de acordo com as necessidades de toda a humanidade e do planeta, é mais urgente do que nunca. Nenhuma medida pontual irá resolver este problema global, um problema que pôs tudo em jogo. Temos de ser realistas: a transformação socialista da sociedade é uma necessidade.
Junta-te ao Sindicato de Estudantes para construir um ecologismo combativo, revolucionário e anticapitalista!
Exigimos:
- Nacionalização sob o controlo democrático dos trabalhadores de todas as multinacionais de energia: empresas de electricidade, mineração, petróleo e gás natural, energia eólica e solar, etc. Encerramento das centrais nucleares e plano de investimento público para estabelecer uma indústria de energia 100% ecológica e sustentável criando postos de trabalho e garantindo a segurança dos trabalhadores desses sectores. Não à pobreza energética!
- Uma rede de transportes públicos gratuita, de qualidade e ecológica. Plano de investimento massivo para tornar as cidades 100% sustentáveis.
- Nacionalização das indústrias automobilística, aeronáutica e naval e transformação da sua produção para torná-las viáveis e não poluentes.
- Nacionalização da terra, indústria pesqueira, pecuária e processamento de alimentos. Por uma dieta sustentável, ecológica e saudável ao alcance de toda a população!
- Empresas públicas de reciclagem sob o controle democrático dos trabalhadores. Chega de fazer do ambientalismo um negócio!
- Produção sustentável planificada democraticamente por toda a classe trabalhadora e juventude. Nacionalização da banca e dos grandes fundos financeiros para realizar todos esses planos. A transformação socialista e ecológica da sociedade!