Esta é a palavra de ordem da sociedade comunista. Em nome da igualdade, da liberdade e do amor, apelamos a todas as mulheres trabalhadoras, a todos os trabalhadores, camponesas e camponeses para se dedicarem resolutamente e cheios de fé ao trabalho de reconstrução da sociedade humana para a tornar mais perfeita, mais justa e mais capaz de assegurar ao indivíduo a felicidade a que tem direito.

- Alexandra Kollontai, O Comunismo e a Família, 1920.

A luta pela emancipação da mulher trabalhadora desde uma perspectiva marxista tem uma enorme dívida de reconhecimento e gratidão a um grupo de mulheres audazes nascidas nos finais do século XIX. Rosa Luxemburgo,1 Clara Zetkin,2 Nadezhda Krupskaya,3 Inessa Armand,4 Alexandra Kollontai e uma longa lista de revolucionárias foram capazes de superar todo o tipo de obstáculos e proibições para defender a luta da mulher operária.

Desde a ausência dos direitos mais básicos — direito ao voto, ao divórcio, ao aborto ou à possibilidade de independência económica —, passando pela incompreensão inicial de amplos sectores do movimento operário e de muitos dos seus companheiros nas organizações e sindicatos social-democratas, e de não serem poucas as mulheres da sua época educadas na submissão, as pioneiras do feminismo socialista e revolucionário abriram um caminho que ainda hoje percorremos. Acabaram por encontrar um campo em que pelo menos existia uma relativa igualdade entre homens e mulheres: a repressão. Todas elas sofreram prisão, exílio e perseguição.

Dentro desta constelação de combatentes, Alexandra Kollontai ocupa um lugar destacado por mérito próprio. É certo que foi menchevique até Junho de 1915 e que durante o processo de degeneração burocrática da URSS se manteve do lado de Stalin no momento em que centenas de milhares de comunistas eram detidos e exterminados nas purgas, inclusive a velha guarda bolchevique. Porém, apesar de tudo, Kollontai foi uma firme militante do bolchevismo durante a Revolução de Outubro e os anos da guerra civil, e as suas contribuições políticas, a sua determinação, a sua luta incessante por quebrar as correntes que a sociedade capitalista impunha à mulher trabalhadora são uma grande inspiração. Não foi por acaso que Kollontai pertenceu ao Comité Central do Partido Bolchevique antes da insurreição de Outubro, nem que posteriormente tenha sido membro do primeiro governo dos sovietes.

Os primeiros combates

Alexandra Mikhailovna Domontovich, conhecida pelo apelido do seu marido, Kollontai, nasceu a 19 de Março de 1872 em São Petersburgo. Filha de uma família latifundiária, passou os seus primeiros anos entre a Rússia e a Finlândia. A sua cidade natal não só era o núcleo industrial mais importante do país, como foi o palco das primeiras acções do movimento operário russo, aproximando a jovem Alexandra da luta de classes apesar da sua origem social. Ela mesma descreve o papel decisivo que teve na sua evolução política a visita a uma fábrica têxtil em 1895, onde comprovou como as mulheres realizavam jornadas entre 12 e 18 horas diárias, vivendo como reclusas, posto que até dormiam no seu local de trabalho. As suas condições eram tão desumanas e insalubres que muitas não ultrapassavam os 30 anos de vida.

Embora os seus pais não tivessem preconceitos em relação ao acesso da mulher à cultura, tentaram mantê-la longe destas ideias revolucionárias “perigosas” por todos os meios, até ao ponto de a educarem em casa com professores particulares. Apesar disto, a sua inquietude política desenvolveu-se desde cedo e foi uma das suas professoras particulares, M. Strachova, quem a aproximou às teorias narodnikis.5 Outro dos seus professores, P. Ostrogorski, alimentou o seu interesse pelo jornalismo, encorajando-a a familiarizar-se com esta actividade que seria central durante toda a sua vida.

Como filha de uma família privilegiada, Alexandra estava destinada a casar-se com quem os seus progenitores considerassem o melhor partido, seguindo os passos da sua irmã mais velha, que se tinha casado muito jovem com "um cavalheiro de quase 70 anos."6 Esta pretensão familiar deu à jovem Kollontai a primeira oportunidade de se revoltar: desafiando os seus pais, casou-se muito jovem e por amor com o seu primo Vladimir L. Kollontai, um estudante de engenharia de origens modestas, com quem teve um filho. Não foi necessário muito tempo para que o seu matrimónio a fizesse sentir-se presa: "ainda continuava a amar o meu esposo, mas a feliz existência de dona de casa e esposa converteu-se numa espécie de 'jaula'."7

Paralelamente ao seu afastamento do papel que lhe tinha sido atribuído pelo seu meio social, produziu-se a sua aproximação à actividade política consciente. Após separar-se do seu marido em 1896, uniu-se aos grupos revolucionários de São Petersburgo, envolvendo-se nas sociedades culturais8 que, na prática, eram mais uma frente da actividade clandestina das organizações que lutavam contra o czarismo. Tudo isto lhe deu a oportunidade de entrar em contacto com os círculos marxistas russos, que adquiriam um importante protagonismo, apesar do seu número limitado. Ainda que já se tivesse afastado das ideias narodnikis há tempos, a sua afiliação ao Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)9 só se deu em 1899.

Uma revolucionária internacionalista

Leitora e estudiosa voraz, o seu temperamento curioso levou-a a viajar por diferentes países europeus. Em 1903 deu-se o II Congresso do POSDR, marcado pela polémica entre Lenin e Martov e pela diferenciação política entre bolcheviques e mencheviques. Kollontai encontrava-se naquele momento no estrangeiro e, ainda tendo colaborado com ambas as facções, permaneceu nas fileiras do menchevismo até 1915.

Em 1903, o POSDR introduziu no seu programa a plena igualdade de direitos entre homens e mulheres. Assumindo o carácter pioneiro do marxismo10 nesta questão, os social-democratas russos inscreveram na sua bandeira a luta contra a opressão da mulher trabalhadora e a necessidade da sua libertação. Mas o salto da teoria à prática foi mais complicado e, em muitos casos, bastante turbulento.

Alexandra Kollontai, em conjunto com outras camaradas como Clara Zetkin e Krupskaya, jogou um papel decisivo para que a social-democracia compreendesse a necessidade de uma orientação e uma propaganda específicas dirigidas à mulher trabalhadora, que, precisamente pela sua dupla opressão de género e de classe, não integrava facilmente nem o partido nem os sindicatos. Kollontai não defendia organizações separadas, visto que compreendia que a emancipação da mulher trabalhadora somente seria possível como parte integral da luta pelo socialismo junto ao resto da classe trabalhadora. Mas isto não implicava ignorar que eram necessárias medidas concretas destinadas a ganhar as mulheres de classe trabalhadora para a luta revolucionária.

Ninguém lhes ofereceu nada, nem a ela nem a nenhuma das precursoras do feminismo de classe. Na sua autobiografia, incluída neste livro, Kollontai faz diversas referências às dificuldades que o seu trabalho e o de outras camaradas encontraram entre os homens do POSDR, uma incompreensão que, longe de intimidá-la, incentivou-a a redobrar a sua militância e determinação.

Sempre na linha da frente do combate, os seus apelos à insurreição e o seu intenso trabalho entre as mulheres proletárias durante a revolução de 1905 e no ano de 190611 reservavam-lhe uma dura pena pelos tribunais czaristas, pelo que fugiu então da Rússia. Na I Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, celebrada em Stuttgart em 1907, participou como membro da delegação russa. Em qualquer caso, os seus anos de exílio obrigatório deram-lhe a oportunidade de conhecer figuras relevantes do movimento operário, como Kautsky,12 Rosa Luxemburgo, Clara Zetkin ou Plekhanov,13 e manter, sempre que possível, a sua intervenção política na Rússia, sob qualquer cobertura legal. Entre Outubro e Dezembro de 1908, realizou mais de 50 reuniões de mulheres em São Petersburgo sob a cobertura de conferências sobre higiene.

O estouro da Primeira Guerra Mundial marcou a sua ruptura com os mencheviques, já que se opôs activamente à guerra devido à sua natureza imperialista ao serviço das diferentes burguesias nacionais. Como a própria recorda: "Entre os meus próprios camaradas russos do partido [mencheviques], que também viviam na Alemanha, não encontrei compreensão alguma sobre a minha postura 'antipatriótica'. Apenas Karl Liebknecht14 e a sua esposa, Sofia Liebknecht, e outros poucos camaradas alemães, mantinham o meu ponto de vista e consideravam, como eu, que o dever de um socialista era o de combater a guerra."15

Em Junho de 1915 filiou-se aos bolcheviques e apoiou as suas posições na Conferência de Zimmerwald.16 Levou a sua postura internacionalista e de classe à prática, percorrendo diversos países para fazer campanha contra a guerra. Para termos uma ideia da determinação desta mulher basta recordar a sua turné pelos Estados Unidos, na qual durante cinco meses visitou 81 cidades e realizou discursos em alemão, francês e russo.

Destruindo a velha sociedade e construindo a nova

No desenvolvimento da Revolução de 1917, Kollontai regressa à Rússia no mês de Março, sendo a primeira mulher eleita para o Comité Executivo do Soviete de Petrogrado. Apoiou Lenin na defesa das suas famosas ‘Teses de Abril’. Poucos meses antes de Outubro de 1917 tinha sido eleita membro do Comité Central do Partido Bolchevique, organismo no qual votou a favor da insurreição e da tomada do poder.

Após o triunfo da Revolução, Kollontai foi também a primeira mulher na história a fazer parte de um governo, ocupando o Comissariado do Povo para a Saúde e Bem-Estar Social. Também não foi fácil para ela desempenhar esta nova tarefa, e, novamente, teve que superar a resistência de muitos homens, membros do partido e dos sovietes.

Com a sua nova responsabilidade, trabalhou incansavelmente pelos direitos da mulher trabalhadora, pela sua organização prática e o seu envolvimento na construção da nova sociedade socialista. Junto a outras e outros bolcheviques, conseguiu que o novo Estado nascido da revolução pusesse em marcha medidas legislativas e avanços sociais até então desconhecidos: a despenalização do aborto, o divórcio rápido e gratuito à disposição tanto do homem como da mulher, apoios sociais sob a forma de salários de maternidade, creches e lares infantis. Ela e muitas outras bolcheviques lutaram sem descanso pela libertação da mulher proletária e camponesa da Rússia, esmagadas por séculos de opressão e atraso. Em 1918 celebrou-se o I Congresso Pan-Russo de Mulheres Trabalhadoras, tendo sido ela uma das organizadoras.

Kollontai desenvolveu uma ampla actividade como propagandista e teórica marxista em relação à questão da mulher e ao socialismo. Um dos seus textos mais notáveis, ‘O comunismo e a família’, está incluído neste livro. Algumas das suas ideias eram também polémicas, com afirmações controversas do ponto de vista marxista (considerar o trabalho doméstico da mulher sob o capitalismo como uma actividade completamente improdutiva) e ultrapassadas (a única força laboral dos estabelecimentos destinados a socializar o trabalho doméstico seria só de mulheres).

Da Oposição Operária ao stalinismo

O início do jovem Estado operário esteve repleto de polémicas políticas no seio do Partido Bolchevique, sempre encaradas e resolvidas de forma democrática. A guerra civil e a intervenção imperialista provocaram debates em todos os campos: negociações de paz, o novo Exército Vermelho, política económica… Kollontai participou em muito destes, especialmente durante 1920-21. Concretamente, foi muito activa nas discussões sobre o papel dos sindicatos na fase de transição ao socialismo e sobre as condições da democracia operária no partido e nos sovietes num contexto de devastação económica. Eram os anos do comunismo de guerra17 e do fim da guerra civil. Kollontai foi uma das dirigentes da Oposição Operária, juntamente com o sindicalista metalúrgico Alexander Shliápnikov.

Em Março de 1921 celebrou-se o X Congresso do Partido Bolchevique, no qual se enfrentaram as três posições que afloraram no célebre debate sobre os sindicatos: a encabeçada por Lenin, que obteve 336 votos; a liderada por Trotsky, que reuniu 50 votos; e a da Oposição Operária, que apenas conseguiu 18. Naqueles momentos extraordinariamente duros, a própria sobrevivência do Estado soviético estava ameaçada. O mal-estar social de amplos sectores da classe trabalhadora e do campesinato expressou-se em numerosas rebeliões camponesas e no levantamento de Kronstadt. Todos estes factores levaram Lenin, com o apoio de Trotsky, a empreender uma viragem e a adoptar a NEP (Nova Política Económica). Mas esta não foi a única decisão. As condições de pobreza extrema e de dispersão da classe trabalhadora, e de cerco imperialista obrigaram a adoptar uma medida excepcional que teria um carácter temporário: a proibição das tendências estáveis dentro do Partido.

O X Congresso também aprovou uma resolução que qualificou a Oposição Operária como um desvio anarco-sindicalista. Kollontai e outros 21 militantes dirigiram então um protesto à Internacional Comunista. A Internacional celebrou uma comissão especial presidida por Clara Zetkin para tratar deste assunto e, reconhecendo os graves perigos que afectavam à Federação das Repúblicas Soviéticas, apoiou as decisões adoptadas pelo Partido Comunista russo.

No congresso seguinte (1922), a Oposição Operária estava praticamente dissolvida e Kollontai cortou relações com os seus membros. Em 1923 passou ao serviço diplomático e foi nomeada embaixadora da União Soviética, convertendo-se assim também na primeira mulher da história a desempenhar tal tarefa. Viveu na Noruega, no México e na Suécia. Desde essa altura até 1930, ano em que se posicionou publicamente a favor de Stalin, não participou nos numerosos debates desenvolvidos dentro do Partido. Mas não apenas permaneceu calada perante a degeneração burocrática do Estado operário; consentiu, sem protestar, com as deportações, prisões e assassinatos ordenados por Stalin contra milhares de militantes da Oposição de Esquerda e de todos os que defendiam a democracia operária genuína dentro e fora do Partido. Em 1935, Kollontai fez parte da delegação russa em Estocolmo que exigiu a negação do visto a León Trotsky. Em 1940, quando Trotsky foi assassinado por um agente stalinista, apenas restavam dois membros vivos do Comité Central do Partido Bolchevique que liderou a Revolução de Outubro de 1917: Kollontai e Stalin.

Alexandra Kollontai morreu a 9 de Março de 1952 em Moscovo. A sua longa vida está cheia de luz e, também, especialmente durante os seus últimos anos, de uma terrível apatia face ao poder autoritário. Mas esta trajectória contraditória não nos impede de apreciar as suas contribuições valiosas à causa do socialismo e, muito especialmente, à luta pela emancipação da mulher trabalhadora.

 

[Este texto foi originalmente publicado como nota introdutória ao livro Feminismo Socialista e Revolução, publicado pela Fundación Federico Engels em colaboração com a Libres y Combativas do Estado Espanhol, que reúne quatro textos de Alexandra Kollontai que constituem uma contribuição inestimável para a luta pela libertação das mulheres trabalhadoras, sobretudo num momento em que a luta contra a violência sexista e a opressão de género se intensifica como resultado da crise do capitalismo.]

 


Notas:

1. Rosa Luxemburgo (1871-1919): Principal dirigente do comunismo alemão, desempenhou um papel de liderança no movimento operário antes da Primeira Guerra Mundial. Nascida na Polónia, aos 18 anos teve que emigrar para a Suíça devido às suas actividades políticas. Em 1893 fundou o Partido Social-Democrata Polaco (mais tarde conhecido como Social-Democracia do Reino da Polónia e Lituânia, SDKPiL). Em 1897 começou a participar activamente no Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), iniciando uma dura luta a partir de 1900 contra o revisionismo, primeiro contra Bernstein e depois contra Kautsky. No congresso de 1907 do Partido Operário Social-Democrata da Rússia (POSDR), apoiou os bolcheviques contra os mencheviques em todas as questões decisivas. A partir de 1910 encabeçou a ala marxista da social-democracia alemã. Internacionalista, durante a Primeira Guerra Mundial organizou a Liga Espartaquista, que agrupou as forças do marxismo revolucionário no seio da social-democracia alemã. Encarcerada em Junho de 1916 até que foi libertada pela Revolução Alemã de Novembro de 1918. Em Janeiro de 1919 fundou o Partido Comunista da Alemanha (KPD) junto com Karl Liebknecht e dirigiu o seu órgão central, Die Rote Fahne (A Bandeira Vermelha). Após a derrota da insurreição de Berlim de Janeiro de 1919, ela e Liebknecht foram presos e assassinados no dia 15 por ordem do governo social-democrata.

2. Clara Zetkin (1857-1933): Militante do SPD alemão desde 1878. Delegada no congresso fundacional da Segunda Internacional (Paris, 1889). Internacionalista durante a Primeira Guerra Mundial. Participou na fundação da Liga Espartaquista e do KPD, de cuja direcção fez parte. Foi quem propôs celebrar o dia 8 de Março como Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

3. Nadezhda K. Krupskaya (1869-1939): Em 1891 entra num círculo marxista ilegal. Detida e deportada em 1896. Casou-se com Lenin em 1898, convertendo-se na sua principal colaboradora. Responsável pela rede clandestina do Iskra e pela ligação clandestina entre São Petersburgo e a Finlândia no período de 1905-07. Apoiou Zinoviev e Kamenev quando estes romperam com Stalin e juntou-se à Oposição Conjunta. Em 1926 rompeu com esta e uniu-se politicamente a Stalin, apesar de ser consciente de que o stalinismo era uma degeneração política antileninista, como demonstra o seu comentário numa reunião da Oposição desse mesmo ano: “Se Lenin estivesse vivo, estaria preso”.

4. Inessa Armand (1874-1920): Aos 19 anos, casou-se com Alexander Armand e juntos abriram uma escola para crianças camponesas. Inessa organizou também um grupo de ajuda para as mulheres de sectores populares. Quando as autoridades a proibiram de estabelecer uma escola dominical para trabalhadoras, morreu a sua ilusão sobre a possibilidade de reformas sociais e em 1903 uniu-se ao POSDR. Detida, condenada e exilada em 1907, no ano seguinte fugiu para a França, onde conheceu Lenin, convertendo-se numa das suas colaboradoras mais próximas. Em 1912 voltou clandestinamente à Rússia, sendo detida e exilada novamente. Libertada sob uma fiança, abandonou de novo o país. Em 1914 inicia a publicação do Rabotnitsa (A Operária), o jornal bolchevique para a mulher trabalhadora. Em 1915 organizou na Suíça a III Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, contra a Primeira Guerra Mundial. Em Abril de 1917 retornou à Rússia no famoso comboio blindado, junto com Lenin e outros 26 bolcheviques. Quando em 1919 se formou o Zhenotdel, o Departamento da Mulher do Partido Comunista, ela foi a sua principal responsável. Em 1920 presidiu a I Conferência Internacional de Mulheres Comunistas e iniciou a publicação do Kommunistka, o órgão do Zhenotdel. Morreu de cólera. Teve um funeral de Estado e foi a primeira mulher a ser enterrada no Kremlin.

5. Denominação que se dava aos anarquistas russos. Significa “populistas”.

6.  Kollontai: Autobiografia de uma mulher emancipada.

7. Ibídem

8. Em 1896, Kollontai era professora numa biblioteca itinerante de assistência escolar e material didático.

9. Primeiro partido marxista russo, fundado em 1898 pela confluência de diversos círculos marxistas em diferentes cidades. Em 1900 publicou o primeiro número do seu jornal Iskra. O seu II Congresso (1903) marcou o início da diferenciação política entre a ala reformista (mencheviques) e a ala marxista revolucionária (bolcheviques), que se prolongaria durante vários anos, até que em 1912 se deu a sua separação definitiva. Os revolucionários passaram a apresentar-se com as siglas POSDR (b) (POSDR bolchevique) até à alteração do seu nome para Partido Comunista da Rússia (bolchevique) em Março de 1918.

10. Na obra de Engels A Origem da família, da propriedade privada e do Estado, podemos ler: "Num velho manuscrito inédito, redigido em 1846 por Marx e por mim, encontro esta frase: “A primeira divisão do trabalho é a que se deu entre o homem e a mulher para a procriação de filhos”. E hoje posso adicionar: o primeiro antagonismo de classes que apareceu na história coincide com o desenvolvimento do antagonismo entre o homem e a mulher na monogamia; e a primeira opressão de classes, com a opressão do sexo feminino pelo masculino."

11. Por exemplo, a sua participação na greve das trabalhadoras têxteis de São Petersburgo.

12. Karl Kautsky (1854-1938): A figura mais respeitada da Segunda Internacional. Em 1906 começou a virar-se para o reformismo; a Primeira Guerra Mundial e a Revolução de Outubro, que qualificou de golpe de Estado bolchevique, transformaram-no num completo oportunista.

13.  Georgi Plekhanov (1856-1918): Em 1883 fundou na Suíça o primeiro grupo marxista russo (Emancipação do Trabalho). Mais tarde, degenerou e converteu-se num reformista, chocando frontalmente com Lenin e os bolcheviques, assim como com a ala esquerda do menchevismo.

14. Karl Liebknecht (1871-1919): Dirigente da ala marxista do SPD alemão e fundador, junto com Rosa Luxemburgo, Franz Mehring e Clara Zetkin, da Liga Espartaquista e do KPD (Partido Comunista da Alemanha). Em 1914, foi o único deputado do SPD que votou contra os créditos de guerra. Expulso do grupo parlamentar social-democrata em Janeiro de 1916. A Primeiro de Maio dese ano distribuiu propaganda antibélica em Berlim, sendo preso e condenado a trabalhos forçados. Escreveu um célebre folheto marxista que era todo um apelo à rebelião: O inimigo principal está em casa. Posto em liberdade durante a Revolução Alemã de Novembro de 1918, participou na fundação do KPD. Em Janeiro de 1919 encabeçou o levantamento dos operários de Berlim. Preso com Rosa Luxemburgo no dia 15, ambos foram assassinados imediatamente por ordem do governo social-democrata de Scheidemann e Noske.

15. Kollontai: Autobiografia de uma mulher emancipada.

16. A I Conferência Socialista Internacional celebrou-se em Setembro de 1915 em Zimmerwald (Suíça). Nesta confrontaram-se os internacionalistas revolucionários, encabeçados por Lenin, e a tendência centrista, impregnada pelo espírito conciliador e pacifista de Kautsky. Zimmerwald contribuiu para agrupar os marxistas da social-democracia internacional e estabelecer um terreno de colaboração que cristalizar-se-ia definitivamente com a criação da Internacional Comunista em 1919.

17. Nome dado à política económica bolchevique durante a guerra civil. Para alimentar as cidades e os combatentes do Exército Vermelho, o jovem Estado soviético teve que recorrer à requisição obrigatória da produção agrícola, o que gerou uma grande indignação entre o campesinato. Em 1921, após o fim da guerra, foi substituída pela NEP, uma retirada tática que consistiu basicamente em permitir ao campesinato a venda no mercado de parte do seu excedente, junto à actividade do pequeno comércio nas cidades. As alavancas fundamentais da economia, desde a nacionalização das indústrias essenciais ao monopólio do comércio exterior, mantiveram-se sob o controlo do Estado operário.

 
 
 
 
 
 
 

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