O sistema de ensino, em capitalismo, é usado para incutir em cada nova geração as ideias que facilitam a reprodução do sistema. A escola e a universidade não são, por isso, apenas espaços de “estudo”, são espaços de reprodução da opressão e da exploração, assim como de luta contra elas
O desinvestimento no sistema educativo, o empobrecimento das famílias de classe trabalhadora, a degradação crescente das condições de trabalho dos professores e restantes trabalhadores da educação, a falta de acompanhamento psicológico para estudantes e professores, etc., criam todas as condições para um aumento da violência, muitas vezes física, que afecta principalmente os sectores oprimidos. Os estudantes LGBT são um destes sectores.
Em 2018, o Observatório da Discriminação recebeu 186 denúncias de violência. Porém, associações como a ILGA estimam que apenas 20,13% das pessoas apresentam queixa. Isto, claro, tem impacto na saúde mental. Entre a juventude, os dados são revoltantes: mais de 80% das crianças e adolescentes transexuais pensam em cometer suicídio e mais de 40% tentam suicidar-se.
A isto somam-se, claro, os currículos escolares que não lidam de forma alguma com as necessidades dos jovens, não educam para a igualdade de género, não educam contra o machismo e a homofobia, aliás, muito pelo contrário, reproduzem ideias reaccionárias das mais variadas formas.
Um governo pintado de arco-íris
Perante isto, os avanços legais durante o governo PS são sabotados pela sua política geral. Governar para os grandes capitalistas e cumprir os ditames de Bruxelas significa sempre manter e aumentar a austeridade, portanto manter e aumentar a opressão dos trabalhadores e jovens LGBT, independentemente das leis que sejam aprovadas.
Como todos os trabalhadores, os LGBT sofrem com o desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com a agravante da constante discriminação; sofrem com a gentrificação e o aumento exponencial das rendas que obriga milhares de jovens e trabalhadores LGBT a permanecer em ambientes familiares violentos; sofrem com um código laboral que permite aos patrões despedir, assediar e discriminar a seu bel prazer.
E enquanto o PS se pinta com as cores do arco-íris, a direita e a extrema-direita defendem o ideal burguês de família, apresentam as pessoas LGBT como física e moralmente doentes, preparam-se para, na primeira oportunidade, fazer recuar todos os direitos conquistados.
A única solução é a luta!
Cinquenta anos depois dos protestos de Stonewall, a luta por um mundo livre do capitalismo e, por isso, livre do patriarcado continua. Esta luta é de toda a classe trabalhadora — que é a esmagadora maioria das pessoas LGBT porque é a maioria da humanidade.
O Sindicato de Estudantes organiza-se para conquistar meios de apoio psicológico, educação sexual inclusiva nas escolas, programas lectivos que abordem a opressão de género e a luta feminista e LGBT ao longo da história.
Isto, claro, só será possível com um aumento massivo do investimento no sistema público de ensino, com a sua gratuitidade e colocando-o sob gestão democrática das organizações dos trabalhadores e estudantes. Sob este controlo democrático, os problemas que agora enfrentamos não teriam quaisquer condições para continuar a existir. O isolamento individual, as ideias reaccionárias, a violência de género e todos os tipos de violência só podem ser eficazmente combatidos com o envolvimento de toda a comunidade escolar na vida social e política dos locais de estudo, nos processos de discussão e decisão sobre as nossas vidas. É hora de nós, os filhos da classe trabalhadora, construirmos um sistema de ensino completamente novo e capaz de responder às nossas necessidades!
Junta-te ao Sindicato de Estudantes!
Por uma educação sexual inclusiva!
Por educação pública, gratuita e de qualidade!
Pelo controlo democrático do sistema de ensino!